Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo
CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender o bloqueio emocional e a
sensação de impotência. Ou seja, a sensação de impotência nasce a partir da
ideia de que não podemos fazer nada diante de um problema ou conflito, e a
solução não está ao nosso alcance. São momentos em que você se sente com falta
de percepção, desapontado e desmotivado. A impotência traz consigo a
desesperança. Questionamentos até quanto a profissão, se está no caminho
certo ou desviou-se por algum motivo desconhecido. Ou por conta de diversas
tentativas sem obtenção de êxito.
Esses
sentimentos de desilusão podem levar as pessoas a se sentirem sem valor,
desmotivadas, e, por vezes, sem vontade de permanecerem com vida. Existem algumas
contingências ou momentos em nossas vidas em que nos sentimos desorientados e
completamente impotentes diante da impossibilidade real de solução de algum
problema de desemprego, de prospecção de clientes, de cura de um transtorno
psiquiátrico ou cura de uma doença, de reinserção no mercado de trabalho na
meia-idade, por exemplo. Todos já passamos por coisa semelhante e sabemos que
os sentimentos que são desencadeados não são dos mais agradáveis.
Compreendendo
que eu não vou ganhar sempre, depreendo que, nem sempre, eu vou ter soluções
para algumas situações. Eu preciso observar isso, preciso conhecer os meus
limites, necessito assimilar que somos indivíduos limitados. Temos
competências, alguns mais, outros menos, mas somos limitados em algumas delas.
Com isso, o indivíduo irá elaborar aquele sentimento de impotência, de
inabilidade para lidar com as situações, um aprendizado, ou irá envolver estratégias
para lidar com a demanda do dia a dia. Um indivíduo que está desesperançoso,
desmotivado, principalmente se ouve antecipadamente algum evento, por exemplo, que
está desempregado porque está na meia-idade e não consegue prospectar cliente
para o consultório a longo tempo, porque está fazendo algo errado a pessoa vai
se extinguindo aos poucos.
A
impossibilidade, a falta de forças ou sensação de impotência, é muito comum
sentir tudo isso quando não podemos implementar nada diante de um problema ou
conflito e a solução não está ao nosso alcance. A psicologia consegue estabelecer,
também, com que o indivíduo aceite o seu limite de impossibilidade quando algo
está, de fato, fora de seu controle. Orienta, ainda, o paciente a olhar para os
ganhos e não só para as perdas. Temos que aceitar que não dominamos tudo. Pense
nas áreas, nas situações, nos assuntos e nos interesses em que foi
bem-sucedido. Orgulhe-se de si mesmo. Precisamos reconhecer nossos limites,
nossas dificuldades e imperfeições, parar de nos culpar por cada passo incerto ou
problema nas nossas vidas e renunciar ao julgamento de vítima.
A
fenomenologia n os mostra que a percepção é o sentido que inaugura a abertura
para o mundo como a projeção de um ser para fora de si. Quando o ser humano se
depara com algo que se apresenta diante de sua consciência, primeiro a nota e o
percebe em total harmonia com sua forma, a partir de sua consciência
perceptiva. Após perceber o objeto, esse entra em sua consciência e passa a ser
um fenômeno. Com a intenção de percebê-lo, o ser humano o intui, imagina-o em
toda sua plenitude, e será capaz de descrever o que ele realmente é. Dessa
forma, o conhecimento do fenômeno é gerado em torno do próprio fenômeno. Assim,
toda consciência é perceptiva, mesmo a mesmos, consciência de nós, ou seja, a
consciência de que somos corpo.
Precisamos
interpretar e aceitar que nada acontece à toa, e quando estamos imersos em contrariedades
e dificuldades perdemos a percepção e a consciência da necessidade de reflexão,
ponderação e observação. O estado de impotência é um estado que vivemos em
nossa fase pré verbal, ou seja, dentro do nosso processo evolutivo vivenciamos
esse estado quando ainda somos bebês e dependemos totalmente do cuidado,
proteção e acolhimento de nossos pais, cuidadores e especialmente de nossas
mães. Ou seja, temos a tendência de reproduzir o comportamento de dependência
nos mais diversos eventos com contrariedades quando adultos de modo
inconsciente.
Todos
nós temos uma tendência natural a buscar sentimentos de compensação para
suportar de forma mais tranquila as dificuldades que a vida nos impõe. Quando
nossos sentimentos de impotência são ainda inconscientes, buscamos construir
dentro de nós sentimentos que compensem ou que anestesiem essa agonia.
Ingenuamente, criamos uma proteção, uma defesa diante da vida para que a angustia
seja menos insuportável. Se a situação
se estende por muito tempo, surge a possibilidade de cairmos em depressão.
Devemos saber, antes de mais nada, que não controlamos tudo, e que quase nada
está sob nosso controle e que a entrega é nosso maior aprendizado. [...]
Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a
compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram
satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Devemos
fazer o que estiver ao nosso alcance da melhor maneira. No entanto, algo sempre
foge do nosso controle. Sempre há algo que nos escapa, simplesmente porque não
somos super humanos. E é por esse motivo que a entrega e a humildade são nossos
maiores aprendizados. O que nos resta, quando passamos por essas situações, a
não ser entregar a solução nas mãos de algo ou alguém maior do que nós? E isso
não foi o que aprendemos a fazer quando éramos bebês? Temos outra saída? Não,
não temos. E esse é o momento mais difícil. Sentar, relaxar, meditar e entregar
a Deus e ao Universo toda situação, pois, quando o problema é maior do que nós,
simplesmente não podemos resolvê-lo. Mas na maioria das vezes tendemos a buscar
pessoas para nos ajudar, não que isso seja errado e devemos sim fazer,
entretanto há momentos que nem as pessoas podem nos ajudar efetivamente.
Então
constatamos o bloqueio emocional como sendo uma espécie de contrariedade,
obstáculo que se forma na mente a fim de evitar uma animosidade posterior. Exemplo,
medo de fracassar no empreender em psicologia, insegurança quanto a investir
dinheiro em impulsionamento pago e por aí vai. Nosso inconsciente é muito
poderoso, e ele cria esse método de defesa para proteger os seus sentimentos, e
você achando que era culpa sua. Um bloqueio emocional se trata de um mecanismo
de defesa inconsciente para que se evite o desgosto, desprazer. Por conta disso
que muitas pessoas sem instrução emocional levantam esses bloqueios para não padecer.
Acontece que essas emoções com bloqueios e reprimidas são somatizadas no corpo através
do mecanismo defesa somatização, gerando doenças psicossomáticas.
Através
desse resguardo, uma experiência difícil passa a ser vivenciada de um modo mais
inconsciente e menos direto. Contudo, isso não significa que essa situação
deixe de existir e incomodar o indivíduo.
Ou seja, elas se transformam em doenças ou fatores colaborativos ao
surgimento delas. Além disso, há a criação de padrões limitantes que dificultam
a sua vida e ajudam no fracasso dela. Uma porta fechada leva até a outra. É importante ressaltar que um bloqueio
emocional é fortemente influenciado pelo meio em que vivemos. Exemplo, um
indivíduo que se encontra residindo em uma casa, onde o espaço é restrito,
desempregado em um bairro onde há índice alto de criminalidade, e faz uso de
transporte coletivo com lotação e percurso entre bairro e cidade longo.
Seguindo
um dito popular, você não pode se curar no mesmo lugar que adoeceu e por tanto
necessita se retirar. Nisso, o entorno conta bastante para a modelação de nossa
postura negativa com os bloqueios. O lugar em que estamos inseridos influencia
diretamente, de modo a agir como um campo ou agente de concentração. Esse
catalisador ajuda no crescimento de sentimentos e emoções negativas em suas
piores formas quando a situação se repete influenciando o sujeito a usar
inconsciente o mecanismo defeso fuga, na intenção de fugir da contrariedade que
causa a compulsão a repetição. [...] Freud no seu texto “Recordar
repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da
compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado
esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto
mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou
o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
Assim,
para se livrar disso, é preciso ter coragem para achar os estímulos
reforçadores dessa situação destrutiva. Após isso, é hora de fazer a
ressignificação dessas experiências negativas e tirar algo bom delas. Embora
seja difícil, olhe por outra perspectiva para que retire lições e aprendizados
de situações desagradáveis. O que se faz em tempos de crise ajuda a moldar sua
personalidade, tornando mais forte, preparado e resiliente aos próximos
desafios. Na maioria das vezes, justificamos com preguiça, falta de vontade ou
desânimo o fato de não executar alguma tarefa. Para a psicóloga cognitiva
norte-americana Amanda Crowell, isso, na verdade, se deve a bloqueios mentais
causados por uma falha defensiva. Enganar esse bloqueio quando achar que deve
fazer algo que não quer, é buscar os fatores intrínsecos a cada escolha. Podemos
observar também os fatores extrínsecos.
Os
bloqueios emocionais, não importa em qual âmbito da vida eles estejam, afastam
o indivíduo de suas reais intenções e metas para vida. Seja em um
relacionamento, na vida profissional ou na relação consigo próprio, é preciso
acabar com os bloqueios emocionais para se alcançar o sucesso. O primeiro e
mais importante passo é admiti-lo. Depois, compreender que existe um problema,
já se torna mais fácil saber como agir daqui para frente. Para uma mudança
real, é preciso assimilar quais são nossas feridas adquiridas ao longo da vida
e que alimentam os padrões de comportamento que nos prejudicam. Suponha que
você se sente muito inseguro no seu trabalho, no local onde reside. [...] Esse
medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como
desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida,
lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
O
seu bloqueio emocional o impede de alcançar seus objetivos, mas alguma coisa no
seu entorno está favorecendo isto. Possivelmente a concorrência entre os
funcionários pode ser uma destas causas. Morar num bairro, onde só traz
desprazer, insatisfação pode contribuir para o bloqueio emocional. O ato de
você ser avaliado constantemente ou de terem chamado a sua atenção recentemente
também podem ser causas que acentuam esse bloqueio. Ou as perdas que teve
recentemente na vida. Onde você está? Se a sua casa, seu ambiente de trabalho
ou até a sua roda de conversa de amigos for um lugar que só estimula os seus
bloqueios, a impotência você nunca vai conseguir melhorar. Você tem duas
opções: 1) aprender a conviver da melhor forma possível com as pessoas necessárias
para sua vida; ou, 2) deslocar-se para outra localidade, afastar-se de pessoas,
conviver com indivíduos que lhe agrega algo, e não detém.
Mas
quando as derrotas surgem, o sentimento natural é a desesperança, impotência e
bloqueio emocional que parece que a vida não tem mais sentido, e que não
adianta mais batalhar. Este sentimento é legítimo, uma vez que os infortúnios muitas
vezes, implicam em perdas importantes. Ao comparar os percalços em um jogo, os
desenvolvedores de jogos nos permitem interpretar a situação como um jogo, onde
é possível ganhar ou perder. No entanto, é preciso que haja tomada de
consciência sobre a realidade dos fatos, a fim de se promover a justa equação
sobre o que foi perdido, o que deve ser recuperado, o que vale ou não a pena executar.
Isto exige bom senso. Desesperar jamais, pois é impreterível manter uma visão
realista dos fatos para contornar os contratempos e aprender o que pode ser
tentado para minimizar a circunstância. Nem sempre é fácil, por isso convém buscar
ajuda.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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