Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender a música e a influência
na vida das pessoas. Você já parou para imaginar a influência que a música tem
sobre suas emoções? Quem nunca procurou ouvir uma música animada para melhorar
seu dia, sentir-se mais confiante, inspirado ou até mesmo aquela música triste
e dramática por causa de uma desilusão amorosa. A música, por mais inofensiva
que pareça, tem a capacidade de provocar fortes reações emocionais pois, até
mesmo pessoas não musicais são capazes de reconhecer um ritmo ou uma melodia.
O
cérebro, como informa Ratey (2002), com sua base biológica, desenvolve o senso
rítmico, associando-o ao movimento físico e explorando, como o fazem, a seu
modo, as diversas culturas, no sentido de produzir as mais variadas composições
musicais. Ao mesmo tempo, o homem busca na natureza materiais suscetíveis de
produção sonora, aliados às suas próprias praxias, sobretudo relacionadas à
boca, aos lábios, ao sopro, aos pés, às mãos e daí envolvendo se no canto e na
dança.
A
música tem efeitos muito positivos para a mente. Podemos aplicar a psicologia
da música para melhorar o nosso estado emocional. A mente muda depois de
escutarmos uma música, por isso ela pode chegar a ser uma ótima ferramenta para
melhorar o estado emocional, é claro que, sempre que seja ouvido o som
apropriado para cada estado de ânimo. Todos nós sabemos que quando estamos
tristes e decaídos, a melhor coisa seria ouvir música alegre ou canções com uma
letra positiva, que nos anime, mas apesar de ser algo óbvio, muitas pessoas
caem nessas de ouvir músicas dramáticas, tristes e negativas.
Eu
me atreveria a dizer que todo mundo alguma vez, em algum dia triste, em vez de
colocar uma playlist com músicas positivas, preferiu escutar canções mais
pessimistas, tristes e dramáticas disponíveis na indústria da música.
Por
que será que isso acontece? Porque nos deixamos levar pelo estado emocional do
momento. Quando estamos tristes, a mente quer uma maior dose de pessimismo,
solicita música que esteja em sintonia com seu estado de ânimo. Não ativamos a
razão e somos influenciados pelos desejos do corpo. Se ao contrário, você
colocar uma música que considera que poderia ajudá-lo, conseguirá desfazer
esses padrões pouco saudáveis. Se você estiver deprimido e triste, não se abata
ainda mais. Não sejamos masoquistas e escolhamos em cada momento o que pode nos
ajudar a melhorar as nossas emoções.
Quando
estamos contentes, naturalmente vamos querer ouvir músicas alegres, animadas e
positivas. Aqui o estado emocional nos leva a fazer isso sem a necessidade de
ativar a razão. Se as coisas vão bem e estamos felizes, não acontecerá nada se
ouvirmos canções tristes, mas sempre que seja com moderação e acabemos, como
toque final, ouvindo algo mais energizante e esperançoso. Uma canção triste e
negativa sempre diminuirá a nossa alegria e motivação.
Quando
as ondas da música penetram nos nossos ouvidos, automaticamente o cérebro
responde seguindo o ritmo do som. Se for alegre, sentiremos a necessidade de
mexer o corpo; nos ativaremos e o astral se elevará. O mesmo acontece com a
música relaxante e clássica, que é captada pelo ouvido e transformada pelo
cérebro em sensações de paz, sedação, desativação, sempre que formos capazes de
nos centrar exclusivamente no que estivermos escutando. Ao ouvir uma música
triste com mensagens dramáticas, o cérebro a transforma em tristeza,
frustração, desânimo, apatia, melancolia e outros. Tudo depende das experiências
atuais ou das que tenhamos atravessado, que serão associadas com o que
estivermos ouvindo, e a partir daí se produzirá uma resposta ou outra.
Nem
sempre é negativo escutar canções tristes, às vezes servem como aprendizado ou despedida;
bem usadas, servem para encerrar etapas e conscientizar-nos dos erros
cometidos. Se as experiências negativas que tivemos foram superadas, não nos
prejudicarão, e poderemos ouvir este tipo de canções como uma lição aprendida,
como um canto ao que aconteceu. Se for realizado com moderação e aceitação, nem
sempre será negativo. E não somente ouvir a música produz efeitos muito
positivos nas pessoas; se também cantarmos, estaremos duplicando os efeitos
benéficos.
Segundo
Chiarelli e Barreto (2005) citando Gainza (1988) defendem que as perspectivas
de compreensão e leitura acerca da formulação e desenvolvimento interno do ser
humano, especialmente, nos seus sentimentos, estão ligados aos aspectos
sonoros, quando ressaltam que “A música e o som, enquanto energia, estimulam o
movimento interno e externo no homem; impulsionam-no ‘a ação e promovem nele
uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau’” (GAINZA 1988,
p.22).
Por
exemplo, o tom de determinada música [maior ou menor] e seu tempo [rápido ou
devagar] pode nos ajudar a distinguir uma música triste de uma música feliz. Convido
você a ouvir a terceira sinfonia de Beethoven Eroica. Compare o segundo escrito
em Dó menor e o terceiro escrito em Mi bemol maior movimentos. O arrepio
provocado quando ouvimos alguns tipos de música altera o fluxo de sangue de
diversas áreas do cérebro incluindo a região dorsal do mesencéfalo, corpo
estriado, ínsula e o córtex orbito frontal. Algumas dessas regiões estão
ligadas aos estímulos altamente reforçadores como o uso de drogas de abuso [cafeína,
cigarro e álcool) quanto comida].
O
que sabemos é que ouvir música pode ser prejudicial para o desempenho de
algumas tarefas. Estudar ou fazer uma prova enquanto você escuta música diminui
a qualidade da aprendizagem para a maioria dos estudantes, por exemplo. Se você
optar por estudar ou trabalhar ouvindo música, escolha as músicas em idiomas
que você não entende ou instrumentais. A música que escolhemos ouvir condiciona
o nosso estado emocional.
E
não é que a música também condiciona alguns comportamentos? Bem,
instintivamente, sabemos que há peças que têm o condão de nos deixar
irritáveis, o que faz com que tenhamos comportamentos de maior impaciência,
senão mesmo de agressividade, em relação aos outros. Mas o poder da música a
moldar inconscientemente os comportamentos humanos parece ser bem mais
abrangente do que isto. A música parece ter efeitos positivos sobre a reação
imunológica, além de um potencial significativo na redução de estados de stress
e ansiedade, o que ajuda na prevenção e na recuperação de diversas situações
médicas. No entanto - Sacks (1973) é quem faz o seguinte comentário, percebeu
se, observando e analisando o comportamento de muitos pacientes, que a
influência da música nem sempre era a mesma. O paciente, antes de mais nada,
precisa ser musicalmente sensível, tem que estar na disposição adequada de
espírito para permitir ser dominado pela música.
A
música pode também ter imenso potencial terapêutico, como na área da musicoterapia,
que realiza trabalhos para melhoras cognitivas em doenças como Parkinson,
Alzheimer, demência senil e hiperatividade. Em Taiwan resultados bastante
eficazes foram constatados em casos de epilepsia, onde houve a redução de
crises e até mesmo a inexistência delas durante o tratamento. Isso porque a
inundação de dopamina por meio de músicas ligadas ao emocional, podem
potencialmente se comportar como um anticonvulsivante em pacientes com
epilepsia do lobo temporal. E você já ouviu música hoje????
Referência
Bibliográfica
RATEY, J. S. (2002) O Cérebro. Rio de Janeiro.
Objetiva
SACKS, O. (1973) Awakenings. New York. Harper Collins.
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