Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender, a construção da
identidade profissional não é algo fácil, porém se dá o início ao ingressar em
qualquer curso. Exemplo, tal cidadão ingressa no curso de técnico em mecânica,
teologia e psicologia. Vamos acompanhar a projeção de carreira deste indivíduo
e observar como foi a projeção. Escolaridade: 1. Ensino Fundamental 2. Ensino
Médio Técnico Mecânica 3. Ensino Superior Teologia 4. Ensino superior
Psicologia. Ao longo do texto perceberemos que a carreira do profissional se
tornou volátil e compreenderemos que isso acontece nas vida de muitos
profissionais devida a crise econômica o chamado desemprego e falta de
oportunidades, ou seja, há vagas no mercado de trabalho, contudo o número é
insuficiente.
Exemplo,
uma universidade lança no mercado de trabalho na área da psicologia 100
profissionais todos os anos. Agora pense junto comigo, só em Campinas temos
quatro faculdades com o curso de psicologia. Significa que se graduam profissionais
com objetivo de buscarem uma colocação no mercado aproximadamente 400
profissionais todos os anos, fora aqueles que já estão no mercado de trabalho trabalhando
e aqueles procurando reinserir-se na função de psicólogos.
Resumindo
não existe instituições o suficiente que comportem todos esses profissionais e em
consequência até por causa do instinto de sobrevivência, os profissionais
tendem a encaixar-se em alguma ocupação seja ela subemprego ou informal, mas
nem todos conseguem atuar na sua área de formação. O masoquismo está na vida do
profissional de modo inconsciente até para que o mesmo possa sobreviver na
sociedade capitalista. Ou seja, o masoquismo da identidade profissional
subemprego.
Projetando
a carreira técnica, iniciou no subemprego na função de ajudante geral, depois
ainda no subemprego na ocupação de operador de torno revolver, agora sai do
masoquismo subemprego para atuar na função de técnico em mecânica, onde tem o
propósito de trabalhar em multinacional indo para a função de instrumentista
oficial, depois de certo tempo decide voltar para a carreira técnica,
trabalhando como técnico em mecânica e com o desemprego volta novamente para
trabalhar na ocupação de instrumentista oficial por longo período. [...]
"Porém, a projeção não é unicamente um meio de defesa. Podemos observá-la
também em casos onde não existe conflito. A projeção para o exterior de
percepções interiores é um mecanismo primitivo, ao qual nossas percepções
sensoriais se acham também submetidas, e que desempenham um papel essencial em
nossa representação do mundo exterior. (FREUD, 1913/1948, p.454).
E
novamente enfrenta o desemprego a vai trabalhar na função de mecânico de
manutenção de maquinas em geral. E a partir desta colocação sai da compulsão a
repetição masoquista mecânico de manutenção lançando-se para área acadêmica
teologia tentando projetar-se no cargo de conselheiro pastoral o que resulta ao
ego mal-estar e angustia pelo insucesso regressando ao masoquismo subemprego indo
trabalhar no cargo de ajustador ferramenteiro, enfrenta outro desemprego e
volta no masoquismo subemprego na incumbência de operador de eletroerosão. [...]
Essa intenção de evitar o desprazer, apresentada como “fuga psíquica do
desprazer” (Freud, 1916/2014, p. 101), é identificada como motivação última e eficaz
para a produção de atos falhos e sintomas, sendo reconhecida como um dos
princípios do funcionamento psíquico (Freud, 1911/2010b)
Encarando
outro desemprego exerce o oficio de operador de telemarketing ativo por 4 anos,
enquanto constrói a carreira de psicólogo em paralelo. Mas está de novo no
desemprego e volta para o masoquismo de operador de telemarketing ativo
ocorrendo a compulsão a repetição do turnover masoquista inconsciente pelo
profissional.
O
turnover é a alta rotatividade de funcionários em uma empresa, ou seja, um
empregado é admitido e desligado de maneira sucessiva. Existem diversos motivos
que contribuem para o turnover, como: salários baixos, más condições de
trabalho e, muitas vezes, a própria insatisfação do funcionário por não aceitar
a competição narcisista que opera no ambiente de vendas, ou seja, o
profissional passou a praticar inconscientemente o turnover na atividade de
telemarketing ativo. Mediante outro desemprego busca colocação masoquista no
subemprego na tarefa de monitor social de menor infrator, onde resolve
desligar-se da instituição, onde se observa o turnover praticado de modo
inconsciente pelo profissional, mas consciente em relação a suas insatisfações.
Compreendo
que o sujeito enquanto profissional construiu várias identidades profissionais,
sendo que iniciou a identidade no subemprego, elevou-se para a carreira de
realização técnica e atuou dentro da formação técnica em outros cargos
pertinentes a formação. Em seguida tentou fazer uma transição de carreira da
formação técnica para a formação acadêmica teológica o que causou grande
mal-estar, angustia no ego. Levando o sujeito a retroceder ao masoquismo
subemprego por grande período. E novamente constrói a identidade acadêmica em
psicologia partindo do masoquismo subemprego, contudo permanece buscando no
masoquismo subemprego uma outra identidade profissional para projetar-se em
paralelo com a identidade psicólogo.
Analisando
o perfil deste profissional, exemplo, identidade em subempregos, identidade
técnica, identidade teológica e identidade psicologia e agora o indivíduo
inicia diversas tentativas frustradas de reinserção no subemprego devido a não
conseguir a reinserção no campo acadêmico de formação. Por tanto este
profissional projeta no mercado de trabalho quatro identidades que geram
sentimentos que não consegue lidar como frustração, decepção, pois não houve um
processo continuo, onde podemos enxergar ascensão, mas sim, percebemos apenas
retrocesso para reinserção no subemprego. Ou seja, iniciou no subemprego –
carreira técnica – tentativa de transição para carreira teológica – reinserção
no subemprego – carreira em psicologia – tentativa de reinserção no subemprego.
É claro a neurose subemprego, que gera o masoquismo no profissional.
A
compulsão à repetição é o processo de reviver interminavelmente determinada
neurose [subemprego]; assim sendo, quando o profissional repetia um serviço num
subemprego, seria uma tentativa de descarregar a energia acumulada ou represada
até conseguir o êxito de sua missão. Ou seja, a compulsão a repetição do subemprego
que é o processo de reviver a neurose [angustia] até conseguir o êxito de sua
missão que é a punição.
Na
compulsão à repetição que é o processo de reviver interminavelmente determinada
angustia do subemprego e que é caracterizado por perturbações afetivas e
emocionais [decepção, frustração, punição, fobia, raiva, rebeldia] que o
profissional não pode controlar, mas de que tem consciência e que não afetam a
integridade das suas funções mentais; assim sendo, quando o profissional repete
a insatisfação com o subemprego e como consequência o desprazer do desemprego,
seria uma tentativa de descarregar a energia acumulada ou represada até
conseguir o êxito de sua missão que é a punição. [...] Freud no seu
texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a
questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do
passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos
tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a
angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
E
neste caso a compulsão à repetição era um substituto para a punição por ter que
reprimir os seus desejos profissionais acadêmicos e realizar os desejos
profissionais do subemprego e de terceiros, mas pensa que atuando em cargos
inferiores ou subempregos poderia alterar o desenlace dos caminhos de desprazer
e chegar ao caminho que realmente deseja acadêmico.
Esse
sujeito construiu várias identidades profissionais ao longo de sua vida, uma
embora trouxesse desprazer trazia prazer na área financeira [instrumentista
oficial] sendo bem sucedida durante um longo período e as outras trouxeram
infortúnio, desprazer em todos os sentidos.
Notamos
que não ouve ascensão na identidade profissional, mas sim retrocesso nas
identidades profissionais para subempregos, ou seja, altos e baixos, porém
nunca um processo constante. Podemos compreender que a construção de uma
carreira ou identidade profissional é um processo continuo e não com retrocessos.
Lembrando que o subemprego faz parte do mercado de trabalho e quando um
profissional não consegue atuar dentro de sua formação ou próximo a área de
formação, lhe resta o trabalho informal e o subemprego como alternativas para
escapar ao desemprego. Então, de todo modo o sujeito estará sempre se
reinserindo no masoquismo e na compulsão a repetição de um jeito ou de outro.
Observamos
na carreira deste sujeito, na construção da identidade masoquista profissional
pautada em sofrimento, perdas de identidades o que leva a um processo não
continuo de construção e como sequência a não reputação e uma projeção
frustrante perante o mercado de trabalho, pois o mesmo se encontra agora em
direção a velhice.
Parece
que o profissional usa a atenção seletiva na meia-idade e desvia-se de olhar
para outros aspectos possíveis que está no mercado de trabalho. É como se a
meia-idade ditasse que não vale apenas fazer outros investimentos por conta de
tempo, ou seja, não existe tempo hábil para o profissional construir a
identidade, por que está caminhando para entrar na velhice e isto exige muito
esforço e tempo de vida, pois o profissional não tem mais 20 anos e sonhar,
vencer desafios agora é insignificante.
O
Psicólogo através do mecanismo de defesa da projeção, projeta para o mercado de
trabalho e redes sociais as frustrações, decepções financeiras e sentimentos
que não consegue lidar por neste exato momento estar se sentindo rejeitado,
excluído da sociedade que não busca por seus serviços psicológicos ofertados e
aqueles que procuram desejam pechinchar no preço dos serviços psicológicos. O
profissional, já se projetou até para subempregos e ainda assim o caminho é
repleto de angustias e insucessos. O profissional projeta e constrói a
identidade de escritor de artigos de psicologia criando blog e sites, onde
hospeda seus artigos e obtêm êxito. Posta post de anúncios de seus serviços
psicológicos através da marca Cia. Da Psicologia que é sua Identidade
Profissional, embora os resultados estão a quem do esperado.
O
profissional é excluído de outros campos de atuação por falta de experiência e
especialização ao ser analisado pelo currículo vitae, onde nem o selecionador
sabe a idade do candidato, mas ao ser elegido para participar de processos
seletivos percebe a exclusão mediante preconceito hierárquico por estar na
meia-idade, pois está competindo com profissionais mais jovens em idade.
Formando
uma subjetivação de um indivíduo em relação ao mercado de trabalho ou qualquer
que seja outra eventualidade. Sua operação no mercado de trabalho, vai de
encontro com o movimento do sujeito de se submeter a perda da identidade
profissional como forma de impedir que permaneça desempregado, abandonado.
Nesta perspectiva, o masoquismo é entendido como uma moeda de troca, ou seja, suporta-se
o sofrimento exercido pela perda da identidade profissional para, em
compensação, o sujeito conseguir lidar com o que de mais catastrófico lhe
ameaça, o desemprego e privação financeira.
O
masoquismo tem relação direta com a Pulsão de Morte. Freud considera a
possibilidade de que nem sempre o sujeito busca o prazer em determinado emprego
sem que haja uma força contrária que leve o sujeito a buscar o desprazer em um
subemprego.
É
a Pulsão de Vida que nos leva a fazer ligações, uma vez que está ligado às
exigências da libido. Mas haveria também dentro de nós a impulsividade de
atacar os outros, um sadismo original que nos levaria a agredir, a destruir, e
que estaria ligado à Pulsão de Morte. O masoquismo seria essa mesma força
destrutiva dirigida contra o próprio sujeito.
Com
relação à distinção do masoquismo moral e da culpa, Freud nos diz: “Dissemos
que as pessoas em questão dão por sua conduta - na cura e na vida - a impressão
de serem excessivamente inibidas moralmente, como se estivessem sob o domínio
de uma consciência moral particularmente sensível, ainda que essa supermoral
não seja consciente para elas. Ao aprofundar a questão, aprendemos bem a
diferença que separa tal prolongamento inconsciente da moral e o masoquismo
moral.
Qual
seria a diferença entre culpa e masoquismo moral? Freud diz o seguinte: “No
primeiro [a consciência moral, a culpa], o acento recai sobre o sadismo
acrescido do Superego a que o Ego se submete; no segundo [masoquismo moral], o
acento recai, ao contrário, sobre o masoquismo próprio do Ego que reclama
punição, seja do Supereu ou do exterior, das potências parentais [figuras de
autoridades em processos seletivos que aprovam e desaprovam a contratação].
A
diferença entre culpa e masoquismo reside no fato de que a culpa caracteriza
mais especificamente o Superego, e o masoquismo, o Eu. Na culpa, o Eu se
submete ao Superego, enquanto no masoquismo o Eu não se submete ao Supereu, ele
deseja essa submissão. O que separa fundamentalmente a culpa do masoquismo é a
questão do lugar da satisfação.
Na
culpa, a satisfação é uma satisfação libidinal que tem objeto próprio, e a
culpa vem depois dessa satisfação. No masoquismo moral, a satisfação essencial
reside na própria culpa, é o sentimento de culpa que é erotizado, isto é,
masoquismo investido.
O
masoquismo engendra a tentação de cometer o pecado, este que deve em seguida
ser expiado pelas repreensões da consciência moral sádica ou ainda pelo castigo
do Destino, a grande potência parental [figuras que aprovam e desaprova].
A
fim de preparar a punição, o masoquismo deve agir contra aquilo que convém.
Assim por meio de uma das artimanhas do inconsciente, o sujeito masoquista
comete um pecado a fim de provocar a punição que é o objeto de sua verdadeira e
profunda satisfação. A questão é, portanto, complicada, pois é preciso saber se
a satisfação libidinal primeira é o verdadeiro objeto do desejo ou se ela vem
somente provocar o sadismo do Superego, o sentimento de culpa cuja erotização
seria, então, o objeto perseguido.
Assim,
tanto o masoquismo moral como a culpa são modalidades diferentes de uma relação
entre o Eu e o Superego, da necessidade que o primeiro sente de uma punição
infligida pelo segundo. Ou seja, ego sente a necessidade de ser castigado pelo
superego ao trabalhar em subemprego. O que caracteriza o masoquismo moral é
certamente a repersonalização do Superego no pai, essa revivência do Édipo; mas
tudo isso não aparece, não se vê, é o contrário que se manifesta.
O
masoquismo moral finge ter aparências impessoais enquanto visa, na realidade, o
pai edipiano. Podemos, pois, dizer que se o masoquismo moral guarda a aparência
de culpa com uma realidade de satisfação masoquista, é para guardar a aparência
da neurose [subemprego] com uma prática perversa escondida.
É
essa simulação do masoquismo moral que torna ainda mais característica uma das
dificuldades clínicas: o sujeito que transgrede o faz não pela satisfação
libidinal de transgressão, mas para provocar a própria culpa e dar-se a
satisfação masoquista da punição [por trabalhar em subemprego].
Há
aí três fases de simulação: o sujeito simula, em primeiro lugar, ter tido como
objetivo a satisfação apesar da transgressão; depois ele mostra, em segundo
lugar, sofrer uma culpa que de fato deseja e erotiza; para terminar, simula uma
autopunição (a culpa) pelo Superego quando, na realidade, ele visa a punição
pelo pai (edipiano).
De
acordo com uma das afirmações clássicas de Freud, o sentimento de culpa é o
resultado de uma tensão entre o ego e superego, que se manifesta como uma
necessidade de castigo.
Como
já vimos, a tensão entre o ego e o superego clama por punição. Exemplo, o indivíduo
se sente culpado, sem saber de que, e o superego lhe diz: Cometestes um crime e
deves ser punido, por ter restrição no nome no SERASA e SPC, sendo
desclassificado nas contratações de emprego. Este sentimento é tão forte que a
pessoa acaba por cometer alguma ação má que lhe traga a punição pela qual o
superego anseia. Mas de onde surgi\! este obscuro sentimento de culpa? Diz
Freud: "O resultado invariãvel do trabalho analítico era demonstrar que
esse obscuro sentimento de culpa provinha do complexo de Édipo e constituia uma
reação às duas grandes intenções criminosas de matar o pai e de ter relações
sexuais com a mãe." (Freud, s.d.b)
Freud
acentua o fato de que a obediência ao supereu não elimina esta permanente
infelicidade interna. Pelo contrário, são as pessoas mais virtuosas
[religiosas] que se censuram da maior pecaminosidade [trabalhar em
subempregos]. Há, portanto, um paradoxo, na medida em que a renúncia às pulsões
agressivas não alivia o sentimento de culpa, mas ao contrário, o acentua.
Freud
afirma que o sentimento de culpa é uma variedade topográfica da angústia,
afirmação que cremos ser importante para analisar a culpa e sua implicação no
campo do desejo. O sentimento de culpa denuncia, portanto, o mal-estar do
sujeito humano, enquanto sujeito do desejo subsumido à ordem da cultura. A
culpa possui um caráter inibidor e patológico, ela se alimenta de uma grande
quantidade de energia psíquica para manter a constância do seu sofrimento na
pessoa, a qual se acha merecedora de punição.
O
castigo é infringido por um superego cruel que induz o sujeito a ter atitudes
autopunitivas, levando-o ao desenvolvimento da depressão, da fobia e dos
transtornos de ansiedade e alimentares. O superego representa as exigências da
moralidade, aplicando o mais rígido padrão de moral ao ego indefeso, que a ele
se submete. No entanto, apesar da sensação de que está consciência moral está
dentro de nós, podemos afirmar que não foi sempre assim. [...] Em sua
obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo
para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Como
sabemos, de início, a criança não possui restrições aos seus impulsos, e, sem
inibições, não age de acordo com valores morais externos a ela. A função que
mais tarde será exercida pelo superego deve ser desempenhada por uma autoridade
externa os pais.
O
superego exerce a função de auto-observação, de julgamento, de veículo do ideal
ou censura moral, assumindo o poder, a função e também os métodos da instância
parental, sendo, de fato, seu herdeiro. Ao longo de seu desenvolvimento, o
superego também assimila influências de autoridades externas que tomaram o
lugar dos pais, como professores, educadores, selecionadores de processos
seletivos, e todos aqueles que lhe representam modelos ou ideais.
Dessa
forma, o superego vai se afastando cada vez mais das figuras parentais e se
tornando mais impessoal, referido aos valores mais elevados de toda uma
cultura. Freud agrupa a religião, a moralidade e o senso social entre os
elementos pertencentes ao que há de superior no homem. Sofremos quando o mundo
externo nos impede ou se recusa a satisfazer nossas necessidades em teologia e
psicologia. Como defesa, para evitar este sofrimento, controlamos nós mesmos os
nossos instintos através do superego.
A
princípio, a origem do sentimento de culpa deriva do fato de alguém saber ter
feito um “mal” [contra o FIES devido a falta de pagamento ou participar de um
processo seletivo para subemprego] No entanto, algo mau não precisa ter sido
necessariamente feito, pois apenas a intenção do ato [possibilidade trabalhar
contra vontade em algum ofício que seja diferente daquele ao qual se formou] já
provoca a culpa. Assim, devemos levar em consideração que, no que concerne ao
sentimento de culpa, a intenção equivale ao ato, e que no próprio julgamento do
que é considerado “mau” há uma influência externa. [...] “A angústia é,
dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele que pode
reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser e juntar os pedaços a
que é reduzido pela imersão na monotonia e na indiferenciação da vida
cotidiana. A angústia faria o homem elevar-se da traição cometida contra si
mesmo, quando se deixa dominar pelas mesquinharias do dia-a-dia, até o
autoconhecimento em sua dimensão mais profunda” (CHAUÍ, 1996 p.8-9).
O
masoquista, então, quer ser punido pela mão paterna. Daí que vem a necessidade
de punição carregada por ele. E, dessa forma, passa a buscar a satisfação de
sua necessidade incessantemente. Portanto, para reduzir [ou até eliminar, no
caso o subemprego] a tensão gerada em seu aparelho psíquico, provocado pelo
sentimento de culpa inconsciente que está atrelado à necessidade de punição, o
sujeito, desconhecendo os limites, irá a todo custo, ao encontro do sofrimento
de si próprio.
Para
isso ele procurará efetuar ações pecaminosas [trabalhar em subempregos], fazer
o que é desaconselhável, agir contra seus próprios interesses, arruinar as
expectativas que se abrem para ele no mundo real e, talvez, até destruir sua
própria carreira acadêmica real. O sujeito pode se remeter à culpa por ter sido
o agente causador da perda objetal [técnico mecânica, teologia e psicologia],
e, para se redimir, pode vir a se automutilar [com subempregos] como forma de
punição.
A
importância da introjeção da consciência moral se justifica pela
incompatibilidade dos desejos inconscientes diante da estrutura de uma
sociedade organizada, já que a realização desses trariam certo alvoroço e
desestabilização do sujeito perante o meio social ou desestabilização do meio social perante o
sujeito, como se pode observar nas psicopatologias. Isto deixa o sujeito numa
balança entre o que quer realizar [inconscientemente] e o que é realizável. Já
que essas prerrogativas se divergem, o indivíduo carrega consigo uma falta
inexorável por não conseguir realizar aquilo que deseja [técnico em mecânica, teologia
e psicologia] e uma culpa por desejar aquilo que não pode ser desejável
[subempregos].
O
masoquista moral, segundo foi caracterizado por Freud em sua obra “O problema
econômico do masoquismo” (1927), visa o sofrimento de si próprio, independente
de quem o pratica, sendo ele capaz de oferecer recursos para que a dor seja
alcançada. Mas por qual razão é atribuído por ele (o masoquista) tanto valor ao
sofrimento? O masoquista, então, quer ser punido pela mão paterna. Daí que vem
a necessidade de punição carregada por ele. E, dessa forma, passa a buscar a
satisfação de sua necessidade incessantemente.
Algumas
pessoas estão constantemente vivendo, portanto, a angústia relacionada à ameaça
do desemprego. E tudo o que elas desejam é uma medida de proteção contra esse
abandono: saem em busca de um subemprego, de uma salvaguarda, de algo que possa
lhes garantir que nunca serão desempregadas.
Uma
das formas pelas quais o sujeito busca fazer frente ao desemprego, e que nos
interessa particularmente, é a de suplicar ao subemprego a segurança. Neste
caso, o sujeito vive uma incessante angústia em busca do subemprego e segurança
que, não obstante, muitas vezes não encontra, pois nem sempre o subemprego está
ali para lhe oferecer ou está disposto para tanto.
No
plano das neuroses, com um pouco mais de observação e com um pouco menos
preconceito, também podemos reconhecer o aspecto masoquista da compulsividade
obsessiva masculina. A insistência dos cabeças-duras, a perseverança cega, a
repetição de gestos inúteis e de escolhas sabidamente piores, ou as posições
tinhosas, as cismas e as implicâncias desgastantes, buscas por subempregos tudo
isso parece dizer respeito a um embrutecimento do desejo. Esse estilo duro,
seco e maquinal do desejo acontecer, tantas vezes assim figurado entre os
homens, faz o sujeito repetir-se nas mesmas formas de gozar.
Convencido
de sua razão, o macho turrão não cede em suas posições mesmo quando o mundo lhe
mostre seu erro. Sem fugir às regras pelas quais ele supõe suas certezas e,
entregue à sua confiança, volta àquilo que lhe faz sofrer. As fantasias
infantis sobre a perfeição e onipotência paterna ecoam entre os sentimentos
masculinos ligados à paternidade, porém hoje em dia, visto o sucesso e o poder
profissional feminino, a pretensão onipotente e as fantasias de dominação mais
do que nunca fazem parte do universo feminino. A mulher obsessiva reproduz a
cilada sadomasoquista masculina. Assim, é nesse ponto que, diante do outro,
opera a culpa da impotência e a vergonha da imperfeição, as quais por uma
exigência compulsiva de seus ideais penitenciam homens e mulheres em uma
espécie de cilada inconsciente quase indestrutível.
O
sentimento inconsciente de culpa aqui se revela a luz de uma reação contraia a
possibilidade de melhora no tratamento, na busca de emprego acadêmico. Ou seja,
o trabalho analítico esbarra na necessidade de satisfação que o doente
estabelece com o sofrimento de trabalhar em subempregos ou permanecer doente.
Sofrer, ou ainda, ser punido pelo superego passa a ser condição psíquica
determinante ao ego. É nesse jogo libidinal que se estabelece a força do
masoquismo moral, e sobretudo da impossibilidade de melhora da doença ou
encontrar emprego acadêmico, logo a reatividade negativa.
O
fato de o sujeito necessitar da punição para satisfazer um desejo inconsciente
produz a busca por um poder externo subemprego. Poder este que está acima do
pai internalizado, ainda que rigoroso é um pai insuficiente, portanto se faz
necessário outro representante da lei; agora supremo.
Mas
a atitude transgressora [de subemprego, da privação financeira] não é só uma
busca pela punição. É também, e principalmente, uma procura de alívio [do
desemprego, da privação financeira]. O ato ilegal acarreta certamente numa
interdição e consequentemente em um ato exterior punitivo, porém carrega
consigo um profundo alívio ao sentimento inconsciente de culpa. Alívio esse
resultante de um afrouxamento do sentimento de culpa proveniente do complexo de
Édipo.
Até
o momento o psicólogo não conseguia enxergar dentro do mercado de trabalho o
campo de finanças. Isto só se tornou possível e visível, após ouvir o filho
mencionar que uma psicóloga, estava auxiliando traders. O interessante nesta
história é que o filho do profissional faz operações de trader no mercado
financeiro e em momento algum o profissional cogitou ou se quer usou da atenção
seletiva para prestar atenção no serviço que o filho faz no mercado financeiro.
Isto sinaliza que a atenção seletiva do psicólogo estava apenas concentrada na
psicoterapia, desviando-se de perceber outros estímulos que se encontra dentro
do mercado de trabalho.
Parece
que o profissional tem um insight relacionado a trader investidores no mercado
financeiro e passa a investir nos estudos de operações financeiras, construindo
a carreira de psicólogo para auxiliar traders, ofertando os serviços de
psicologia para um nicho especifico do mercado, ou seja, atuar com
profissionais que se arriscam em operações lucrativas e com perdas de dinheiro
no mercado financeiro, auxiliando os na regulação de suas emoções e
comportamentos.
O
profissional projeta a carreira arriscando-se para área financeira, ou seja,
vai lidar com as representações e simbolismo relacionado ao dinheiro, crenças, pensamentos,
sentimentos e comportamentos de arriscar-se, regular as emoções, lidar com as
instabilidades do mercado financeiro que representa as instabilidades
emocionais das pessoas perante estímulos positivos e negativos originados pelo
princípio do prazer que é o mercado financeiro, lidar com ansiedade e perdas
que o dinheiro desperta nos indivíduos.
A
ideia do profissional é construir a identidade financeira. Ou seja, tudo que
está no perfil do trader é o que falta no perfil do Psicólogo. Pois, ele se
apercebe faltante de desafios e das qualidades e características de um trader.
Trader é o termo que se refere à pessoa que realiza transações de compra e
venda de ativos na bolsa de valores no curto prazo. O objetivo dele é
aproveitar a volatilidade do mercado. Ou seja, o profissional deseja o mesmo
que o trader deseja, que é correr risco para obter o dinheiro, porém da
volatilidade dos traders. São operadores que assumem altos riscos para ganhar
ou perder, trabalhando a ilusão de riqueza imediata, onde ocorre a
instabilidade dos pensamentos e emoções.
Parece
que é outra tentativa do profissional se reinventar saindo do masoquismo privação
financeira e compulsão a repetição dos insucessos da psicoterapia com nicho de
pessoas com diversas queixas, onde na maioria das vezes o dinheiro as impede de
se tratarem, embora haja o preconceito e o livre-alvedrio, imigrando para o
mercado virtual financeiro, onde a queixa específica e prioritária na vida
destes operadores é o estímulo positivo ou negativo do dinheiro que leva aos
sintomas.
Referência
Bibliográfica
CHAUÍ,
MARILENA. HEIDEGGER, vida e obra. In: Prefácio. Os Pensadores. São Paulo: Nova
Cultural, 1996.
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
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FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD,
SIGMUND. Totem e tabu e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
FREUD, S.
(1990). O ego e o id. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 19, pp. 423).
FREU,
SIGMUND. (2010b). Formulações sobre os dois princípios de funcionamento
psíquico. In Sigmund Freud, Obras completas, volume 10
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular,
1968
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