Ano 2020. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo
CRP 06Q147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor(a) a compreender a certeza. Mas
certeza sobre o que? O conceito de certeza é estar certo, estar seguro são
definições que damos sobre eventos, acontecimentos. Podemos ter certeza sobre
muitas coisas, enquanto outras coisas são naturalmente incertas. Ao participar
de vários processos seletivos, observei como uma avaliação de um candidato de
uma determinada vaga possuía esse grau de incerteza. A avaliação poderia ser
perfeita. Mas, como receber o feedback no dia seguinte com a resposta se seria
contratado ou não? Como receber o feedback que o perfil não condiz com o perfil
da vaga exigido pelo empregador? Então, compreendi a incerteza e o que posso ou
não controlar.
A
certeza é o conhecimento claro e seguro de algo. Quem tem uma certeza está
convencido de que sabe algo sem possibilidade de se enganar. Pode-se afirmar
que a certeza é a possessão de uma verdade que corresponde com o conhecimento
perfeito. A consciência de uma certeza permite afirmar este conhecimento sem
receio de dúvida e com confiança plena na validade da informação.
Na
prática, uma pessoa pode afirmar que tem uma certeza, mas a informação pode ser
falsa ou errada. Exemplo: Um sujeito se candidata a uma vaga de repositor que
não exige experiência em um supermercado e já se candidatou a mesma vaga duas
vezes em outro supermercado e não foi aprovado, mas decide se candidatar mais
uma vez. Contudo tem a Certeza que a idade influencia no processo
seletivo, pois ainda é um fator crucial na hora da contratação de um candidato
para uma vaga aberta mesmo sem experiência.
O
preconceito com o colaborador mais velho é um dos principais e mais
impressionantes destaques do estudo, que aponta que até 96% das empresas
brasileiras acreditam haver falta de flexibilidade e de capacidade de adaptação
por parte desses profissionais; sem contar o fato de que programas de
integração para trabalhadores de maior idade também inexistem em mais de 80%
das corporações.
Esse
mesmo candidato já observou em vários supermercados que o profissional
repositor está na faixa etária entre 18 e 30 anos, e sabe que em todo processo
seletivo está oculto a idade para se tornar aprovado, entretanto nunca
presenciou um repositor com idade acima de 50 anos. Com base na informação que
a idade influência na contratação e a observação que o mesmo fez por conta
própria nos supermercados o mesmo deseja ter a Certeza de que conseguirá o
emprego, pois não tem a intenção de participar de um processo seletivo o que nem
sempre obtêm o feedback negativo advindo do entrevistador como forma de
respeito ao candidato.
Ainda
existe outra preocupação por parte do candidato que está passando pelo período
de pandemia do Corona vírus e compreende a preocupação das autoridades da saúde
em relação ao ser humano com idade próxima ao envelhecimento, por tanto as
empresas tem a mesma preocupação na contratação de funcionários, isto configura
uma margem de não possível contratação. Estes são fatos reais relatados e
observados pelo candidato a possível vaga de repositor. [...] Esse medo
marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como
desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida,
lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162)
Pois
para participar do processo é necessário investir dinheiro em passagem de
ônibus e perder a passagem investida em deslocamento até o local, perder tempo aguardando
no local para participar com outros candidatos e aguardar a entrevista, passar
por constrangimento devido ao preconceito da idade, pois participa de processos
seletivos com candidatos que não tem experiência e com aqueles que tem
experiência e ainda com idade adequada para ser contratado.
E
todos estes intemperes gera ansiedade, raiva, frustração, decepção no candidato.
Por tanto o candidato não está interessado em passar por esta compulsão a
repetição na pseudo-esperança de que o desenlace seja diferente a não ser, se
for para ser aprovado pelo supermercado e para isso coloca a condição para Si
mesmo em ter desvelado a resposta da [Certeza: Positiva ou Negativa]. Ou prever
a resposta positiva ou negativa para evitar ou lidar com as angustias ocasionados
pela situação.
A
certeza, por conseguinte, baseia-se numa evidência, ou naquilo que o sujeito
toma como uma evidência de carácter irrefutável. A evidência do conhecimento
possibilita a afirmação e a possessão da verdade. O conceito contrário à
certeza é a ignorância [ou a incerteza], quando se desconhece algo, não se pode
ter qualquer certeza. O grau médio de conhecimento entre a certeza e a
ignorância/incerteza é a dúvida [o sujeito acredita que o conhecimento é
verdadeiro, mas não está em condições de o afirmar].
A
dúvida, por conseguinte, surge quando o conhecimento para ter a confiança sobre
a sua certeza é insuficiente. O conhecimento, em suma, é imperfeito e a pessoa
não possui confiança absoluta na verdade das suas proposições. Quando temos
essa atitude, a incerteza, o imprevisível e a dúvida são vistas como
experiências terríveis e insuportáveis que devem ser evitadas a todo o custo.
Se não gosta de incertezas então pode ver o ato de preocupar-se como algo útil.
O indivíduo pode pensar que preocupar-se é uma forma de preparar-se para o
pior. Preocupar-se poderá ser visto como uma forma de prever os acontecimentos
de vida para que não haja surpresas desagradáveis. [...] “A angústia é,
dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele que pode
reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser e juntar os pedaços a
que é reduzido pela imersão na monotonia e na indiferenciação da vida
cotidiana. A angústia faria o homem elevar-se da traição cometida contra si
mesmo, quando se deixa dominar pelas mesquinharias do dia-a-dia, até o
autoconhecimento em sua dimensão mais profunda” (CHAUÍ, 1996 p.8-9).
Como
tal, preocupar-se reduz a sua experiência da incerteza e do imprevisível. E por
causa desta redução de incerteza provavelmente continuará a preocupar-se mais e
mais. Por outras palavras, a preocupação ajuda-o a acreditar que tem mais
controlo e certeza na vida. Mas na realidade, a sua preocupação fez com que
tivesse mais certeza no que vai acontecer na sua vida? Preocupar-se mudou
realmente o resultado do que vai acontecer? A vida continua a ser incerta e
imprevisível como sempre foi, apenas a sua percepção de que tem mais controlo é
que mudou. Mas, será mesmo verdade? Nestas circunstâncias, por hábito, pensamos
nos piores cenários, sentimo-nos mal neste processo e muitas vezes paralisamos
quando temos de agir.
Então
pergunte-se, preocupar-me sobre a incerteza vale a pena? Talvez esteja no
momento de pensar de modo diferente. Existem duas estratégias que podemos
aprender para aceitar a incerteza e reduzir a preocupação:
1.
Desafiar a Intolerância à Incerteza. Pergunte-se as seguintes questões e
escreva as suas respostas. Veja se consegue chegar a um entendimento das
desvantagens e problemas de ser intolerante à incerteza.
·
É possível ter a certeza de tudo na vida?
·
Quais são as vantagens e desvantagens de ter certeza
na vida? Ou, está certeza na vida pode ajudar me? e como?
·
Tem tendência para prever situações negativas
apenas porque são incertas? é algo razoável de se fazer?
·
Qual é a probabilidade de resultados/situações
positivas ou neutras?
·
Qual é a probabilidade de que as coisas que prevê
vão realmente acontecer? Consegue viver, mesmo que a probabilidade seja baixa,
de que algo negativo pode ocorrer?
·
Consegue viver com algumas incertezas na vida?
Como faz isso? E acha que consegue fazê-lo nas situações difíceis da sua vida?
2.Aceitação:
Aceitar a situação que está acontecendo no momento é começar a identificar e
reconhecer o que está presente no aqui-agora para poder fazer a escolha de como
se comportar diante da situação, pois se não aceitar começa-se a elaborar estratégias, pensamentos
equivocados de onde não se está e acaba entrando na ruminação ou reverberação
de pensamentos ou ainda na compulsão a repetição da preocupação que gera
ansiedade.
Exemplo,
a pessoa está preocupada em busca da Certeza e deseja uma resposta antecipada positiva
ou negativa para participar do processo seletivo para a vaga de repositor que
não exige experiência. Ou seja, está certeza como resposta antecipada positiva
ou negativa pode ajudar lhe? e como?
Este
profissional nunca trabalhou em supermercado, pois a sua formação está
relacionada a empresas multinacional, porém não se reinsere no mercado de
trabalho, devido ao fator idade, então se apercebe obrigado a tentar outras
áreas para continuar a sobreviver. Entendemos que a construção de uma carreira
de sucesso é um processo contínuo, porém neste caso a carreira deste
profissional caminha para o declínio. E como atravessa por um momento de
privação de recursos financeiros como diversos desempregados, entende-se que
alguns candidatos desejam ter a mesma certeza como resposta positiva ou
negativa para sair da compulsão a repetição da pseudo esperança. Este
profissional e outros podem apresentar sentimentos de descartabilidade. [...]
Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que
começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós.
Vamos
compreender a frase, De certeza que está tudo bem? Então, perguntamos: Tudo
bem? e respondemos tudo bem ao encontrarmos qualquer pessoa. É apenas uma
formalidade, ou seja, uma mentira e eu sei, que não tem a ver com a realidade
do momento de cada um. Contudo será que podemos responder sinceramente a esta
pergunta? Sentir-se bem sobre o que exatamente? Sobre você principalmente e se
sentindo satisfeito com a maioria dos aspectos de sua vida. Você está física e
mentalmente em boa forma? Você se sente confortável com seu lugar na vida? Como
estão os seus relacionamentos, tanto profissionais, sociais quanto pessoais?
Você tem a capacidade de olhar a si mesmo e aos outros com compaixão, bom humor
e bondade?
Estas
são questões muito importantes e recomendo que, se você não sabe ou não tem
certeza, é possível que não se sinta bem em relação a alguns aspectos de sua
vida. Pode ser que você se sinta frustrado, irritado, triste ou desanimado, sem
saber direito o porquê. O que você pode fazer sobre sua situação?
Analisando
este fato agora por meio da Psicologia Racional, compreendemos que durante
algum tempo, na Europa Feudal, foi direito do senhor feudal desvirginar suas
súditas recém casadas. Isto mesmo, a mocinha casava e ia para cama com o senhor
feudal enquanto seu marido ficava aguardando. O senhor feudal escolhia as que
ele queria e desprezava as que ele não desejava. Você pensa que as famílias
ficavam com raiva do senhor feudal? Não, para elas era um orgulho ter a filha
escolhida para ser desvirginada por este indivíduo ilustre. Portanto esses mesmos
familiares percebiam a situação entre a filha e o Senhor feudal de modo
positivo, logo se colocavam no distanciamento psicológico para analisar a
situação e por isso havia menor envolvimento emocional. A situação toda era
julgada pela consciência de modo racional, objetivo e assertivo.
Embora
o evento tenha todos os aspectos para se ter uma resposta por parte dos
familiares com um nível alto de ativação emocional de raiva, frustração,
decepção, incertezas, pois percebe-se que poderiam estar diretamente envolvidos
emocionalmente na situação, mas muito pelo contrário à prática do
distanciamento psicológico permitiu a esses familiares a percepção positiva da
situação e a certeza de que diante daquela situação tudo estava bem. Com isto
podemos aprender que depende unicamente de cada indivíduo a forma como percebe
e se envolve emocionalmente em cada evento seja negativo ou positivo.
Quando
observamos o passado é que entendemos o que acontece no presente. Ontem e hoje,
quem detém o poder tenta conquistar a concordância de quem é espoliado. A mente
negativa cansa e fica alienada. A mente negativa fica compulsivamente
procurando fora dela novidades e soluções ou dentro dela para resolver seus
problemas. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34),
Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências
que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo
tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram
reprimidos.
Aplicando
o distanciamento psicológico como um meio para tomar decisões assertivas. Com a
nossa mente racional, conseguimos ponderar mais sobre as situações, mensurar
consequências, ganhos e perdas e agir com mais assertividade. Porém, pensar
demais pode nos paralisar. Pensamos tanto nas possibilidades, que algumas vezes
paralisamos no momento da decisão, na tentativa de evitar falhas.
Podemos
fugir da realidade, mas não podemos fugir das consequências de fugir da realidade.
É por isso que, em vez de ignorar os fatos e simplesmente sentar e esperar que
a vida decida em nosso lugar, a coisa mais inteligente a fazer é aprender a
estabelecer uma distância psicológica. Nós não percebemos um evento da mesma
forma quando ele se desenvolve mais perto de nós do que quando ocorre à
distância.
Aos
eventos que ocorrem muito próximos, nós respondemos com um nível mais alto de
ativação emocional, pois percebemos que podemos estar diretamente envolvidos na
situação. Quando os eventos ocorrem mais de modo positivo nos sentimos mais
calmos e o nível de envolvimento emocional é muito menor, entretanto quando os
eventos ocorrem mais de maneira negativa, nos sentimos mais irritados e o nível
emocional é muito alto.
Portanto,
a distância psicológica é o espaço subjetivo que percebemos entre nós e as
coisas, eventos ou pessoas. É uma experiência de separação egocêntrica, na qual
nos tornamos o ponto de referência, a partir do qual vemos as coisas em
perspectiva, como se fôssemos uma terceira pessoa não envolvida na situação ou,
ao contrário, estamos envolvidos no nível intelectual e emocional. A capacidade
de ajustar a distância psicológica é muito importante para a vida.
Ao
assumirmos uma distância psicológica, não apenas somos mais propensos a
reconhecer os limites de nosso conhecimento, mas também aceitamos a
probabilidade de que o futuro mude. Na prática, a distância psicológica nos
permite ser mais humildes e autoconscientes, sendo ao mesmo tempo mais
flexíveis e abertos à incerteza, características-chave para nos tornarmos
pessoas sábias e equilibradas.
Observemos
agora dois níveis de análise de distância psicológica. Todos os eventos podem
ser localizados em uma linha imaginária com relação a nós, em um extremo nós
colocamos o absolutamente distante e no outro o absolutamente próximo. Com base
nisso, ativamos um nível de processamento, que pode seguir duas rotas: baixa ou
alta. Ambos são ativados inconscientemente, mas os aplicamos dia após dia.
O
caminho alto: Quando um evento está distante no tempo, no espaço, difere da
nossa esfera social ou é muito improvável que aconteça, nós o processamos de
uma maneira alta. Ou seja, trabalhamos com uma representação abstrata, simples,
estruturada e descontextualizada, porque estar longe simplesmente nos impede de
acessar uma imagem mais precisa ou não nos motiva a nos aprofundarmos no que
está acontecendo.
O
interessante é que, quando a linha é ativada, temos a tendência para aplicar
esse nível de processamento de todas as informações recebidas relacionadas com
o incidente. Ou seja, nós aplicamos um esquema mais vago e geral a todos os
que, de uma forma ou de outra, está relacionada com a situação que percebemos
como distante.
Exemplo,
sobre a decisão de participar de processo seletivo para trabalhar e esperar o
feedback positivo ou negativo, sugere que embora as pessoas saibam que devem
participar de processo seletivo para trabalhar, contudo elas desejam ter
desvelado antecipadamente a certeza que vão conseguir o emprego, pois sabem que
existem muitos candidatos para a vaga em questão. Isso se deve ao fato de que o
emprego é processado pela alta via, pois é percebido como algo muito distante.
E tudo relacionado a essa questão trabalho também é processado da mesma forma,
então não achamos necessário tomar ações concretas aqui e agora, apenas participamos
e esperamos pelo feedback, seja positivo ou negativo. Esse é um dos efeitos da
distância psicológica.
O
caminho baixo: Se os eventos estiverem mais próximos no espaço e no tempo, nos
sentimos identificados com eles ou é provável que ocorram, ativamos o caminho
inferior. Isso significa que construiremos representações tão concretas quanto
possível, complexas, desconstruídas e descontextualizadas. É precisamente isso
que fazemos com toda a informação importante da nossa vida. Quando algo é
relevante, geralmente é um fato muito concreto, mas ainda se estende a muitas
áreas de nossas vidas e geralmente acaba-se um pouco complexa, mas note o que
está acontecendo, com a ideia, porque estamos a explorar diferentes opções para
tentar encontrar uma explicação satisfatória.
Exemplo,
se estamos atravessando por um período longo de desemprego, estaremos tão
emocionalmente envolvidos com o que acontece, que vamos processá-lo no caminho.
Achamos difícil assumir uma distância psicológica e refletir objetivamente
sobre a situação desemprego que estamos vivendo. Todos os eventos ligados a
esse desemprego irão sobrecarregar nossas mentes gerando caos e confusão, entretanto
não seremos capazes de avaliá-los adequadamente, porque as emoções nos impedem
de fazê-lo.
Distância
Espacial: A distância espacial é uma das mais fáceis de manipular. Por exemplo,
é demonstrado que quando você se afasta de você, um objeto diminui seu
interesse, mas se você se aproxima dele, seu interesse aumenta. É um truque
particularmente interessante para compreender se deve participar de determinado
processo seletivo, pois colocar uma distância entre a vaga de emprego que você
deseja participar e está gerar incerteza, desconforto, também permitirá que
você se afaste um pouco da angustia e se acalme. Ou ao se aproximar da vaga de
emprego que deseja e sentir prazer então seu interesse aumenta. Ou ainda é
interessante para fazer dieta, mas colocar uma distância entre a pessoa com
quem você estava discutindo também permitirá que você se afaste um pouco do
problema e se acalme.
Distância
Experiencial: A distância experiencial é medida pela distância entre o que
imaginamos e esperamos e o que finalmente vivemos. Quanto maior essa lacuna,
maior a frustração e a raiva podem ser. Pelo contrário, quanto menor a lacuna,
maior a nossa satisfação. A maneira de manipular essa distância é manter nossas
expectativas à distância. Estar disposto a viver experiências sem expectativas
é a melhor maneira de tirar o máximo proveito da distância experiencial.
Exemplo, um indivíduo imagina que vai ser aprovado em processo seletivo e
espera trabalhar em uma organização e o que finalmente está vivendo é o
desemprego. Neste caso a lacuna, que é o que ele imagina e espera gera a raiva,
a incerteza devido a muitos fatores que podem ser conhecidos ou desconhecidos
por ele.
O
mecanismo de defesa da identificação também se faz presente neste caso, pois é
necessário observar o grau de identificação do profissional que trabalhou em
multinacional com a vaga em questão de repositor. É possível constatar que não
existe nenhuma identificação deste profissional em relação a vaga e que a sua
candidatura se dá somente pelo fato de obter dinheiro para continuar a
sobreviver relatado num parágrafo. [...] Mecanismo de defesa da Identificação,
é o mecanismo baseado na assimilação de características de outros, que se
transformam em modelos para o individuo. Esse mecanismo é a base da
constituição da personalidade humana. Como exemplo podemos citar o momento em
que as crianças assimilam características parentais, para posteriormente
poderem se diferenciar. Esse momento é importante e tem valor cognitivo à
medida que permite a construção de uma base onde a diferenciação pode ou não
ocorrer.
O
interessante é que, cada vez que você ajusta um nível, você encurta ou prolonga
a distância psicológica, de modo que você pode se envolver mais na situação ou,
ao contrário, assumir uma perspectiva mais objetiva. Dependendo da situação e
das suas estratégias de enfrentamento, você pode jogar com as diferentes
distâncias para tomar as melhores decisões a cada momento.
O
que este indivíduo tem a perder se escolher não participar do processo
seletivo? Perdas: dinheiro da passagem de ônibus; tempo para lidar com os
intemperes no trajeto de ônibus; tranquilidade, pois a participação trás
ansiedade; perder o tempo para se dedicar a uma atividade que será usado para
aguardar no local pelo processo seletivo e entrevista; se comparar com os
outros candidatos e se avaliar como inapto para o cargo, pois os outros tem
experiência e idade adequada; perda da confiança que gera a incerteza convicção
de ser aprovado ao olhar para os outros candidatos com experiência e outras
perdas.
E
o que o indivíduo tem a ganhar se escolher participar do processo seletivo?
Recompensas: livrar-se da culpa se optar em participar do processo; aprender a
lidar com a ansiedade oriunda do processo seletivo; confrontar o próprio medo
de ser reprovado; oportunidade para sair da condição de ociosidade involuntária
e outras. Para que seja prazeroso ao candidato participar do processo deve-se elaborar
uma lista de recompensa sendo maior que a lista de perdas.
O
sujeito pode fazer a escolha fundamentado nas informações que tem compreendidas
na consciência, entendendo que culpa significa que foi julgado, mas depreender
intelectualmente que não se senti julgado ou culpado pode ter escolhido tomar a
decisão de sim ou não participar do processo seletivo, pois se fundamentou nas
informações e na distância psicológica para tomar a decisão correndo risco de não
ser aprovado. Por tanto na prática, uma pessoa pode afirmar que tem certeza
sobre algo apenas se reunir todas as informações possíveis que está a sua
disposição em determinado momento. Deste modo este sujeito terá a certeza e
estará convicto de que sabe sobre algo sem possibilidade de se enganar!
Referência
Bibliográfica
CHAUÍ, MARILENA.
HEIDEGGER, vida e obra. In: Prefácio. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural,
1996.
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular,
1968
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