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Superstição


Novembro/2020.Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208
O presente artigo convida o leitor(a) a repensar sobre o papel da superstição no desenvolvimento da auto confiança e autoeficácia na sua vida. É supersticioso? Já pensou alguma vez que a superstição pode ter um papel importante na sua vida e ajudá-l@ a descobrir algumas novidades a seu respeito?
Algumas superstições prometem garantias como por exemplo: Se quisermos um ano de prosperidade é só usar roupa branca no ano novo. Além de certezas podemos gostar de coisas simples e fáceis. Claro que sabemos que se quisermos um ano de prosperidade podemos fazer cursos, ousar em novos projetos, investir e trabalhar duro, mas tudo isso pode dar mais trabalho do que esta pessoa estaria interessada, sendo assim opta por um talismã para ter a sensação de que terá tudo isso. Creio que o supersticioso se sente prejudicado quando não recebe a graça esperada. Quando perde tempo se dedicando apenas aos rituais de conseguir um namorado, dinheiro, saúde por exemplo, e não se dedica a ter uma vida saudável e rica de possibilidades. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
A psicologia da superstição tem acompanhado a humanidade desde que temos consciência da sua existência. Sempre existiram comportamentos supersticiosos, e cada cultura tem os seus próprios. Em nossa cultura, temos várias superstições latentes que atuam de maneira sigilosa. Todos nós conhecemos alguém que ressalta o quanto dá azar cruzar com um gato preto ou quebrar um espelho ou ainda sonhar com sapo pode significar que alguém faz algum mal. Em nossa cultura, temos várias superstições latentes que atuam de maneira sigilosa.
O princípio subjacente à psicologia da superstição é o chamado condicionamento Skinner. Para isso, ele começou a trabalhar com operante identificado por B. F. pombos. Quando esses animais apertavam um botão dentro de sua gaiola, eles recebiam comida. Com o passar do tempo, eles aprenderam que o botão lhes dava comida, então o apertavam quando estavam com fome. Mais tarde, o sistema mudou de tal forma que, quando os pombos realizavam certos movimentos, recebiam o reforço.
Como resultado final, incorporaram comportamentos supersticiosos relacionados aos movimentos com a intenção de obter a recompensa. Isso é muito parecido com o que acontece nos seres humanos com as superstições. Uma pessoa pode associar uma consequência positiva ou negativa a superstição, por exemplo, se formos fazer uma prova com uma camiseta um comportamento específico. Camiseta específica e obtivermos uma boa nota, é possível que usemos a mesma roupa para fazer as provas seguintes.
Elas são simplesmente um conjunto de superstição, por si só, não é crenças que habitam a nossa mente. No entanto, as superstições podem se tornar um problema quando atingem certos níveis, e o orienta para a crença de ciências ou a superstição ofusca o pensamento métodos com baixa confiabilidade. Por exemplo, o horóscopo, sonhar com sapo boi representa a personificação do mal como macumba, o diabo.  Tudo isso aumenta os níveis de ansiedade e diminui a confiança em nossas capacidades.
Depender a tal ponto de um objeto ou comportamento subestima a capacidades, que temos de alcançar as coisas por conta própria. É uma maneira sutil de tirarmos o mérito de nós mesmos e desviá-lo. A melhor maneira de lutar contra a superstição é fazendo uso do poder da nossa compreensão analitica. Adquirir uma atitude crítica em relação às associações que estabelecemos e com as quais operamos é um bom fator de proteção contra esse tipo de convicções. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162)
A proatividade seletiva limita e refina o número de ideias que nos governam, de modo que indiretamente nossa liberdade aumenta. Expor-se a situações em que você pode se sentir impotente por não usar seus amuletos é uma boa maneira de atenuar a ansiedade que isso gera. Afinal, a superstição é nada. É por isso que também é mais é do que uma crença, e não uma lei da natureza. O importante é aprender a controlar a ansiedade, não só para casos de superstição, mas também para a vida em geral. Superstições são úteis quando não temos controle sobre algo que desejamos muito que aconteça.
Os rituais e amuletos, então, criam uma falsa sensação de que algo foi feito para garantir que o desfecho positivo ou negativo vai acontecer. E isso nos dá uma sensação de alívio e conforto. A necessidade de controle vem de outra característica tipicamente humana: o medo frente ao desconhecido. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós
O cérebro não aceita a dúvida, a incerteza. Isso gera angústia e sofrimento. As superstições nascem numa situação onde o resultado é incerto. Se você souber fazer algo e até onde aquilo vai te levar, a superstição é inútil. Em circunstâncias incertas, se você se engaja num ritual, pode se sentir melhor ou aliviado. Há um conceito na psicologia chamado ilusão do controle. Quando você joga dados ou faz coisas que são completamente aleatórias, a superstição dá a noção estar realizando algo a mais para conseguir alcançar aquilo que é desejado. As superstições geralmente desenvolvem-se quando existe uma falta de controlo percebida face a algumas situações de vida ou desempenhos em que as pessoas se sentem mais inseguras. [...] “A angústia é, dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele que pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser e juntar os pedaços a que é reduzido pela imersão na monotonia e na indiferenciação da vida cotidiana. A angústia faria o homem elevar-se da traição cometida contra si mesmo, quando se deixa dominar pelas mesquinharias do dia-a-dia, até o autoconhecimento em sua dimensão mais profunda” (CHAUÍ, 1996 p.8-9).
Elas podem aparecer ligadas a rituais que se fazem ou objetos que as pessoas transportam consigo nessas situações. Isto acontece porque se tende a olhar para a realidade como um conjunto de situações causa efeito e encontrar nela alguma coerência, levando a percepcionar o mundo como um conjunto de regras que se mantêm estáveis, criando uma sensação de previsibilidade. O que isso nos pode dizer é que a capacidade das pessoas e as suas competências estão acima do que elas acham que poderiam conseguir sem essas superstições.
Poderemos estar aqui a falar de falta de auto confiança ou fraca moção de auto eficácia [sentimento de que se é capaz de determinada coisa]. O fato de não fazerem os rituais, acreditar que ao sonhar com determinados animais, exemplo, sapo, cobra e outros que você imagina enquanto termina a leitura, sinaliza que algo maligno ocorrerá ou de não levar consigo os objetivos, pode gerar um medo paralisador para desempenhar certas atividades.





Referência Bibliográfica
CHAUÍ, MARILENA. HEIDEGGER, vida e obra. In: Prefácio. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
FREUD, S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD, S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD, A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968

Comentários

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