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Brigar é viver, desentendimentos na relação é saudável

Maio/2020.Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208
A intenção do artigo é chamar a atenção do leitor(a) a observar e refletir sobre as brigas ou desentendimentos na relação familiar, conjugal, amorosa, no trabalho e até na igreja com o arquétipo Deus e outros membros do clero. Há centenas de razões e motivos para as pessoas se desentenderem com seus cônjuges, parentes, amigos, colegas de trabalho e até com o criador. Entretanto, existe uma causa que perpassa todas estas centenas de razões, que é a não compreensão das diferenças individuais.
Desentender, é claro, significa não entender. Alguém diz: Eu não consigo entender como [ele ou ela] possa ter feito/e ou dito isso. Puxa, quando vemos esta expressão compreendemos que a pessoa a qual disse isso, diz entender o fato. Ciclano fez ou disse isso ou aquilo. Porém o que o indivíduo não entende é a razão, a causa de ter feito. Agora o entendimento, assim, de maneira inversa, fica fácil de saber que para criar o entendimento devemos criar empatia, que é nada mais ou nada menos do que a capacidade de se colocar no lugar do outro, mesmo sabendo que não é o outro(a), de ver o mundo como seus olhos, de se colocar em sua pele, em sua posição. Por exemplo, a mãe pode não entender como seu marido, tendo condições de escolher, prefere trabalhar em um sábado à tarde, ao invés de realizar um pequeno passeio com seus filhos. 
Quer dizer, ela entende o que está acontecendo [o fato de ele trabalhar em vez de sair]. Porém, o que ela não consegue compreender é que ela, iria fazer diferente no lugar dele. Este é apenas um exemplo, mas se formos investigar a fundo veremos que este argumento é válido para quase todos os casos. Não compreendemos e, por isso nos desentendemos, pois não conseguimos perceber o mundo com os olhos da outra pessoa. Conseguimos compreender a ideia da esposa que queria um sábado de diversão em família. Entretanto, se nos colocarmos na posição do pai, veremos que ele precisa trabalhar para ganhar mais ou precisa trabalhar para cumprir um prazo determinado para pagar as contas ou até está de algum modo fugindo a responsabilidade de sair com a família por existir algum conflito familiar entre o marido e a esposa.
Isto não quer dizer que ele não queria o passeio. Significa apenas que, dadas as opções, ele prefere em seu senso de justiça pessoal ser responsável com o trabalho do que ser irresponsável. Outro, exemplo, um indivíduo passa por processos seletivos constantes em diversas vagas almejando emprego em determinadas instituições com bom salário, benefícios, carga horária de trabalho flexível, mas infelizmente não consegue o trabalho e pode não entender como Deus não deseja que ele trabalhe nestes locais e gratifique-se.
O indivíduo até entende o que está acontecendo [que não é vontade de Deus que esteja trabalhando nestes locais]. Contudo, o que ele não consegue compreender é os motivos para Deus não permitir trabalhar ali. O fato do sujeito ter seu desejo adiado ou impedido de realização, pode ser o suficiente para usar dois mecanismos de defesa a projeção, pois projeta sobre as pessoas a sua volta o descontentamento com a figura do arquétipo e sobre o clero religioso e através do mecanismo de defesa do deslocamento, desloca a raiva em forma de afastamento da relação com Deus, com os membros da igreja que acaba por interferir na fé racional.
O indivíduo não compreende e, por isso se desentende com Deus, por não conseguir perceber seu desejo com os olhos de Deus. Consegue compreender a ideia do seu desejo devido as gratificações proporcionadas pelo emprego. Todavia, se ele se colocar na posição de Deus, perceberá que existe algo além do seu desejo que não foi desvelado ainda e esta falta de compreensão causa o desentendimento entre o indivíduo e Deus.
A convivência familiar não é nada simples. Personalidades e interesses se misturam de forma que às vezes não é possível chegar a um acordo entre muitas situações e se produzem discussões normais em qualquer família. Quando um membro da família faz uma coisa que você não goste, diga algo que lhe ofenda, e o que poderia ser resolvido com uma conversa franca acaba em discussão. Como defesa, o outro contra-ataca, fazendo inconscientemente uso do mecanismo defesa deslocamento da raiva, virando uma disputa, um tentando convencer o outro de suas verdades.
Quando se derem conta, a treta está formada e o problema, que originou a discussão, não foi e nem será resolvido. Pode-se mudar a abordagem para evitar discussões desnecessárias e ainda ter a oportunidade de melhorar seu relacionamento, a única coisa necessária a se fazer é mudar a maneira como a treta começou. Exemplo, em vez de falar: você não larga desse celular, está com ele dá hora que levanta até a hora de dormir. Experimente falar: quando você fica muito no celular, eu me sinto sozinho, desinteressante e fico triste, magoado me sinto trocado. [...] O ser humano é esse nada, livre para ser alguma coisa. “Suspendendo-se dentro do nada o ser aí sempre está além do ente em sua totalidade. Este estar além do ente designamos a transcendência. Se o ser-aí, nas raízes de sua essência, não exercesse o ato de transcender, e isto expressamos agora dizendo: se o ser-aí não estivesse suspenso previamente dentro do nada, ele jamais poderia entrar em relação com o ente e, portanto, também não consigo mesmo. Sem a originária revelação do nada não há ser-si-mesmo, nem liberdade. (HEIDEGGER, 1996, p. 41).
Dessa forma você conseguiu descrever o que você sente, expressar o mesmo sentimento do celular, mas sem acusar o outro, sem dizer que as atitudes da pessoa são expressadas de modo proposital e que merecem algum tipo de punição. Ao expressar a frase deste modo, você está comunicando através da linguagem carregada de emoções, seus sentimentos de maneira assertiva, podendo ou não o levar a reflexão sobre como seu comportamento no celular contribui para gerar a discussão. Desta forma se consegue alterar a acusação em uma descrição dos sentimentos, a culpa vira responsabilidade compartilhada. Assim, o que poderia ser defeito da outra pessoa, se torna um problema comum do casal.
Todo casal briga e as vezes, por uma questão de momento ou de fase, um dos dois está vivendo o estresse e acaba descontando a raiva no parceiro. Ou então, os dois estão nervosos e a situação piora ainda mais. Só que, quando essas brigas acontecem a todo o momento e são graves a ponto de atrapalhar a vida de casal, é sinal de que algo não vai bem no relacionamento. Afinal, como fazer para brigar menos? Existem vários tipos de casais. Aqueles que brigam a cada cinco minutos, mas são pequenas discussões leves e que tudo volta ao normal rapidamente. E aqueles que, quando brigam, é por algo mais sério, gerando uma grande batalha de egos, argumentos e pontos de vista.
Não existe uma maneira certa ou mais adequada de agir, isso varia conforme a personalidade do casal. Agora, o que não é saudável para o relacionamento é quando as brigas se tornam momentos de agressão e xingamentos. Quando deixa de ser uma discussão sadia, com troca de pontos de vista e opiniões, e se torna, simplesmente, uma chuva de desaforos. Isso mostra que o respeito e a tolerância já não fazem mais parte do relacionamento. Brigar com muita frequência também acaba gerando um desgaste na relação. Justamente por isso, é bom evitar essa situação se realmente não for um motivo válido. E, se for aprender a ter uma discussão respeitosa e que renda bons frutos.
Procure um psicólogo, quando as discussões chegam a um ponto no qual o diálogo não acontece, ou seja, torna-se apenas uma troca de desaforos, é o momento de procurar um psicólogo. É ele que pode ajudar a entender a origem desses problemas e trabalhar para que a pessoa saiba lidar melhor com as situações que causam estresse e angústia. O psicólogo, se perceber que é necessário, pode, inclusive, sugerir a terapia de casal, para ambos participarem e recuperarem a conexão do relacionamento.
Desentendimentos e conflitos fazem parte de um relacionamento. No entanto, há momentos em que as brigas passam dos limites e deixam de ser uma etapa saudável de discussão. O que acontece é que, com o estresse do dia a dia, problemas externos e pressão profissional, muitas vezes as pessoas trazem esses problemas para dentro da vida do casal, descontando suas angústias e frustrações no parceiro. São poucas as situações em que vale a pena discutir. É preciso entender que os conflitos e diferenças de opinião são normais e nem sempre é possível mudar o modo da outra pessoa enxergar a vida e o mundo.
O respeito é fundamental nessas horas para que o casal concorde em discordar e deixe de brigar por coisas que não vão mudar. Quando as discussões não levam a lugar nenhum, é sinal de que o casal não está mais conseguindo se comunicar, se colocar um no lugar do outro e tentar entender o ponto de vista alheio. Esse é o limite, chegou a hora de tomar uma atitude, procurar a ajuda de um psicólogo e tentar recuperar a harmonia e entendimento do relacionamento. Troca de ofensas, imagina que um casal está junto, é sinal de que se ama e se respeita. Ou, pelo menos, é assim que deveria ser. Se durante as discussões, os parceiros trocam ofensas, xingamentos e palavrões, o respeito já não faz mais parte da relação, ou seja, o medo de um machucar ao outro, já não se faz presente na relação. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162)
Não se permitam que esse tipo de tratamento se torne comum no relacionamento, pois isso não é normal e nem saudável para ambos, e pode destruir a autoestima e o romantismo. Brigas repetidas por causa das louças na pia da cozinha, deixar as roupas com urina dos filho em cima do tanque por vários dias ali, colocar panelas na geladeira ao invés de tapwere, não lavar as roupas adequadamente, deixar a televisão ligada por horas enquanto as crianças brincam, ter que pedir constantemente ao esposo(a) para executarem as tarefas do lar de modo espontâneo e outros. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
Se vocês já discutiram o assunto uma vez ou mais e não conseguiram entrar em um acordo, voltar mais uma, duas ou três vezes para aquele mesmo tema não vai ser a solução. Quando as brigas começam a se repetir e são sempre motivadas pelas mesmas questões, é um grande alerta de que o casal não está conseguindo ser mais flexível, ter tolerância e vontade de melhorar a qualidade do relacionamento. Agressões verbais ou físicas, infelizmente, há situações em que as brigas de casais envolvem agressões físicas. Isso é inadmissível e não pode ser tolerado em hipótese alguma. Se isso acontece com você, afaste-se do seu parceiro(a), procure ajuda e denuncie a situação.
Uma briga de família pode surgir por diversos motivos, exemplo, dinheiro, choque de personalidades, descaso, ciúmes, modos de se vestir, atividades domésticas não executadas no lar, educação dos filhos ou até mesmo negócios e decisões pessoais. Porém, é justamente em torno da instituição familiar que as formas de organização social se baseiam. Distúrbios no núcleo e no relacionamento familiar podem trazer sérias consequências para todos os integrantes, e, principalmente, para as crianças. Muitos conflitos familiares são frutos de decepções e frustrações que surgem a partir da confirmação de que as expectativas criadas em torno da relação não serão satisfeitas. [...] O homem é projeto. A necessidade de viver é uma necessidade de preencher esse vazio, de projetar-se no futuro. É o anseio de ser o que não somos, é o anseio de continuar sendo. O homem só pode transcender se for capaz de projetar-se. Assim, ele sempre busca um sentido para sua vida. “A angústia contém na sua unidade emocional, sentimental, essas duas notas ontológicas características; de um lado, a afirmação do anseio de ser, e de outro lado, a radical temeridade diante do nada. O nada amedronta ao homem; e então a angústia de poder não ser o atenaza, e sobre ela se levanta a preocupação, e sobre a preocupação a ação para ser, para continuar sendo, para existir (MORENTE, 1980, p.316)
Em muitos casos, esses compromissos firmados antes dão lugar a discussões intermináveis. Também é muito comum que os conflitos familiares sejam gerados a partir de mal-entendidos. Os integrantes não conseguem ouvir outros pontos de vista [de psicólogos, de pais, de mães] e argumentam aparentemente a mesma coisa, de modo diferente. É essencial saber respeitar, perdoar e compreender os outros. Esse é o primeiro passo para reestruturar a vida familiar e dar fim às brigas em família.
O diálogo é extremamente importante para resolver qualquer tipo de conflito. Porém, é preciso saber escutar e, muitas vezes, evitar absorver o que o outro fala. De nada adianta ficar discutindo e faltando com respeito para com o outro se você não consegue parar, escutar e tentar entender um ponto de vista contrário ao seu. Exerça a empatia, que é preciso entender que o ser humano acerta e erra, causa orgulhos e decepções, e que isso é normal. Não exija que o outro seja perfeito. Aceitar a forma que cada um demonstra seu amor é fundamental para um relacionamento familiar saudável, assim como entender que os outros possuem opiniões diferentes também.
Procure entender o ponto de vista de seus familiares e o porquê de pensarem assim. Pratique o perdão, pois guardar mágoas em relação a seus familiares só irá prolongar uma situação que poderia ter sido resolvida de maneira muito mais rápida. Libere suas tristezas, abra seu coração e fale a respeito de como você está se sentindo em relação à briga. O perdão é a ponte entre o passado e o futuro; não se pode apagar o que já aconteceu, mas pode-se mudar a forma como você levará o resto da vida. Assuma quando está errado e saiba reconhecer seus próprios erros é fundamental para a resolução de um desentendimento. É necessário assumir sua parcela de responsabilidade / e ou culpa no que gerou o problema, mas, também, devolver o restante da culpa para a outra pessoa.
A briga nos revela a fraqueza humana, o nosso lado ainda imaturo e em constante desenvolvimento, um verdadeiro engatinhar. Brigar pode ser saudável quando temos a capacidade de autoconhecimento de nossa imperfeição. É preciso buscar compreender o lado pedagógico que as brigas podem ter na nossa vida, se estivermos atentos.
Brigar tem um caráter didático quando, num momento posterior, aporta o reconhecimento, as desculpas e o perdão. Se nenhum desses elementos não chegarem depois, pode-se dizer que a lição da briga foi em vão. Um ditado popular corrobora com essa ideia e enuncia mais ou menos o seguinte: o parvo é aquele que não aprende com os próprios erros, o inteligente é aquele que percebe que errou e aprende consigo mesmo a fim de não incorrer no mesmo erro e o sábio é aquele que aprende com o erro dos outros simplesmente pela observação.
A regra deve ser a observação da situação ao nosso redor, isto é, as brigas que ocorrem e seus motivos, as separações e os desentendimentos, para assim nos questionarmos e como poderíamos contorná-los se estivéssemos envolvidos? É um exercício de se colocar no lugar alheio para aprender a apartar o conflito com seu próprio meio. Brigar é viver, na medida em que viver seja aprender com as brigas. O apontar dedos é uma atitude imatura que quase todos nós invariavelmente fazemos a fim de achar subterfúgio para jogar a culpa às costas do outro, porém justamente aqui está o caráter mais deslumbrante e educativo que uma briga pode ter, a socialização dos riscos e a solidariedade dos danos.
A exclusão da culpa quando o assunto é briga, nunca ocorrerá unilateralmente, pois assim como ela, a resolução do conflito deve ser mútua. A linguagem da briga é, pois, um jogo de espetos entre a língua do que ataca achando argumentos plausíveis para suas atitudes e a língua do que se defende, e contra-ataca, pensando estar na posse da verdade dos fatos e resguardado pela razão.  Pessoas com tendência a ter sempre um modelo pronto e muito específico em suas mentes quanto ao que espera do outro poderá ser mais propenso a iniciar pequenas brigas.
Casais que não treinam a comunicação também poderão não conseguir um acordo e pequenas brigas serão mais frequentes. Casais onde não há empatia, ou seja, capacidade de entender o ponto de vista do outro também serão mais propensos a pequenas brigas. Reinvente-se. Se você quer algo novo em sua vida você pode se repensar, ou seja, se você é tão exigente a ponto de colocar a perder seu relacionamento você já fez uma escolha, você preferiu suas exigências, exemplo, deixar a louça suja em cima da pia, só varrer a casa quando solicitada(a),  ficar a maior parte do tempo no celular e assistir tv, só lavar as roupas quando pedir o que mostra falta de iniciativa e outros que você imaginar em seu relacionamento enquanto lê o artigo a ter uma boa relação. [...] “A angústia é, dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele que pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser e juntar os pedaços a que é reduzido pela imersão na monotonia e na indiferenciação da vida cotidiana. A angústia faria o homem elevar-se da traição cometida contra si mesmo, quando se deixa dominar pelas mesquinharias do dia-a-dia, até o autoconhecimento em sua dimensão mais profunda” (CHAUÍ, 1996 p.8-9).
Para mudar isso cada uma das partes pode escolher o relacionamento como prioridade e repensar a si mesmo. Antes de reclamar de algo avalie se esta situação merece mesmo que você emita sua opinião ou se trata de algo pequeno que pode ser superado. Reveja suas prioridades, você prefere que cada pequena coisa aconteça exatamente como você gostaria ou pode abrir mão de alguma coisa para ter um relacionamento harmonioso? Reveja a forma como coloca sua preferencias, exemplo, deixar a louça em cima da pia até que fique rodeadas por moscas ou lavá-las imediatamente. Será que estas mesmas coisas não poderiam ser ditas ou feitas de forma mais amena e sem ironias?
Caso não consiga sozinho procure um psicólogo para que ele o ajude a entender o porquê de você contaminar este relacionamento com estas pequenas brigas por meio de seu comportamento. É possível que algo maior como um trauma o esteja impelindo a provocar brigas que nem você quer. Cada pessoa tem a sua individualidade, seu modo de pensar e agir. Na convivência de um casal há diferenças que no começo do relacionamento podem ser mais fáceis de lidar, já que há uma disponibilidade maior do casal a conhecer o parceiro(a).
Com o passar do tempo, a rotina do casal se mistura com o estresse do trabalho e problemas corriqueiros e o homem e a mulher tendem a se voltar para o que está acontecendo consigo mesmo e não se tornando mais tão disponível para olhar, escutar e entender o outro. Nesse momento é que começam a ocorrer as brigas domésticas ou aquelas que para um dos cônjuges parece não ter importância, a irritação entre os casais aumenta e as pequenas diferenças que existem entre eles que antes eram toleradas, compreendidas passam a ser um problema maior. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Neste caso o diálogo e a confiança podem ser essenciais para evitar as brigas e o desgaste dentro do relacionamento. Se o casal não conversa talvez não consigam manter um vínculo de cumplicidade e de confiança para resolverem problemas. Pode ser importante que o casal estabeleça uma rotina de conversa desde o começo do namoro confidenciando suas alegrias e tristezas, para que cada um saiba que pode confiar e ter um apoio quando for necessário. Além disso o casal precisa estabelecer uma identidade, se aproximando cada vez mais do respeito e da compreensão de suas diferenças.
O vínculo com a família é um dos mais importantes na vida de qualquer pessoa. Embora o amor seja incondicional, não é incomum ter brigas e desentendimentos, especialmente entre pais e filhos. Se você tem vários filhos, sabe que às vezes as personalidades colidem e causam mais problemas com um deles em particular. No entanto, a psicologia garante que o filho com quem mais briga é aquele que mais se parece com você. Além disso, deve-se considerar que as crianças repetem o que veem em seus pais, o que sustenta essa teoria. Isso poderia significar que o comportamento das crianças que irrita seus pais poderia ter sido adquirido deles mesmos. Em suma, os chefes da família rejeitam ações que eles mesmos cometem, mas o fazem inconscientemente.
Na psicologia, esse comportamento tem um nome, projeção. É um mecanismo de defesa do ego, comum em seres humanos, que usamos para não assumir a responsabilidade por aqueles aspectos que negamos como nossos e que nos irritam quando os vemos traduzidos em outros. Para evitarmos conflitos, é necessário se aceitar e reconhecer o que você não gosta. Além disso, é importante não julgar os outros com tanta severidade, especialmente seus filhos, porque eles ainda estão aprendendo. [...] Porém, a projeção não é unicamente um meio de defesa. Podemos observá-la também em casos onde não existe conflito. A projeção para o exterior de percepções interiores é um mecanismo primitivo, ao qual nossas percepções sensoriais se acham também submetidas, e que desempenham um papel essencial em nossa representação do mundo exterior. (FREUD, 1913/1948, p.454).
Ter conflitos e desentendimentos em um relacionamento não só é normal como também é saudável. Em um casal que concorda em tudo, geralmente um dos dois está sendo omisso. Duas pessoas podem se amar e se relacionar muito bem, ter sonhos e formas de pensar parecidos em alguns assuntos, mas terão também características divergentes, ideias que se chocam, atitudes e desejos que parecem incompatíveis.
Nesses momentos, o que faz a diferença é a maneira de lidar com os conflitos, que pode ser de duas formas: construtiva ou destrutiva. Quando os conflitos entre o casal costumam ser resolvidos com respeito, sem ofensas e humilhações, se os parceiros são capazes de conversar sobre suas questões de forma assertiva, no intuito de resolver o problema em questão, estão lidando com seus problemas de forma construtiva, ou seja, estão construindo uma relação saudável.
Quando os filhos presenciam discussões assim estão aprendendo a respeitar as opiniões diferentes e criando uma imagem positiva sobre relacionamentos interpessoais. De forma contrária, as discussões se tornam destrutivas quando o casal não é capaz de estabelecer um diálogo assertivo, gritam de forma exaltada, se ofendem e humilham, reclamam de situações passadas e até deixam de conversar com o parceiro. Nesses casos o casal está mais preocupado em culpar um ao outro do que buscar uma solução para o conflito e são os filhos quem pagam um alto preço pelos problemas dos pais.
Engana-se quem pensa que os filhos não percebem nada, eles percebem tudo, só não sabem como agir. Quanto mais os pais brigam entre si, mais a criança fica perdida e tem a tendência de ter um desenvolvimento emocional conturbado, muitas vezes se sentindo culpada pelas brigas dos pais. A criança com um emocional abalado vive muita tristeza, angústia, muitas vezes vai se afastando das pessoas e pode ficar muito solitária por não querer compartilhar seus sentimentos.
Psicólogos esperam nos alertar sobre as doenças psicossomáticas, então, para o fato de que nossas emoções afetam, e muito, a qualidade da nossa saúde. Trabalhar para administrar crises de raiva ou conseguir falar sobre seus sentimentos são tarefas fundamentais para quem quer viver bem e por mais tempo. E você, como lida com aquilo que sente?
É como um terremoto, as placas estão mal ajustadas e com o movimento brusco acabam se encaixando melhor, o que faz com que se ajustem uma a outra, diminuindo as interferências físicas entre elas. Para o casal a briga tem um efeito muito semelhante. Em alguns momentos ela será o ajuste de contas. A forma de equilibrar e ajustar o que não está bom para uma das partes, ou para ambos. A briga traz estragos sim, como num terremoto. Existem perdas, existem ferimentos, mas é possível acertar as coisas e reconstruir. [...] O mal de tudo isso é que buscam as agitações da vida como se a posse das coisas que buscam devesse torná-los verdadeiramente felizes. O problema é que não os tornam, nunca estão satisfeitos com nada. A grande consequência disso é que abandonam seu projeto essencial. As preocupações da vida constantemente os distraem e o perturbam. “O ser-humano, em sua vida cotidiana, seria promiscuamente público e reduziria sua vida à vida com os outros e para os outros, alienando-se totalmente da principal tarefa que seria o tornar-se si mesmo” (CHAUÍ, 1996 p.8).
Os extremos devem ser analisados com cuidado. Quando atendo um casal que diz que nunca brigou, já ligo um alerta. Numa situação assim é bem provável que um dos dois tenha cedido mais do que gostaria. Em contrapartida, quando brigam de mais ou por motivos irrisórios, é provável que nenhum deles esteja disposto a ceder, se desculpar ou nem mesmo perceber sua parcela de culpa na situação. Estar atento aos motivos, a forma de resolver e em como cada um reage ao conflito é fundamental para que a briga não seja um desgaste em vão, mas sim a possibilidade de entendimento do casal.
Relacionamentos duradouros não são aqueles que nunca encontraram dificuldades, são aqueles que conseguiram sobreviver às crises e se fortalecer nos momentos difíceis. A parceria e a cumplicidade podem ser mantidas, mesmo que as discussões existam. Mas lembre-se sempre de manter o equilíbrio. Veja qual sua parcela de responsabilidade em cada uma das discussões e tente ajustar o que for necessário. Teimosias e comportamentos provocativos tendem a ter um impacto negativo bem importante nos conflitos, e quando não há um cuidado pode cansar o outro, irritar o outro.
Comunicação é a chave de quase tudo. Se você definir fazer apenas uma coisa para ajustar o relacionamento, vale ficar atento à comunicação. É através do diálogo claro e franco que o casal pode aparar as arestas e resolver os conflitos. Diga o que pensa, abra seu coração e deixe o amor dar a base das suas palavras. Não espere o emocional transbordar para dizer o que precisa, seja coerente com seus sentimentos e busque uma comunicação franca e direta. Conflito não é ruim, ruim é não saber ou achar que não é você quem precisa fazer algo para resolver. O conflito é uma situação que envolve mais de uma pessoa, o ajuste deve ser feito por ambos, para que não sobrecarregue ninguém. Amor como base da comunicação e comunicação como base do relacionamento. Quando uma base é sólida o que é construído em seguida tende a ser duradouro.
Brigar muito, antes de ser ruim ou bom, é um sinal de que algum aspecto da relação está em desequilíbrio e que está faltando algum acordo entre o casal, entre a relação na organização, entre a relação religiosa, entre a relação de amigos e outros. É ruim por um lado porque há sempre um desgaste emocional que resulta dessas brigas. E pior ainda quando elas ocorrem com frequência, pois o efeito químico do estresse gerado por brigas é estocástico no organismo, ou seja, o cortisol e outros hormônios liberados se acumulam e geram efeitos inflamatórios no corpo. Entretanto, se essa briga diz respeito a um problema de maior importância, isto é um sinal de que a fase da conversa já passou, agora é a hora de agir, de alterar a atitude [comportamento] que contribui para o desentendimento familiar, conjugal e outros.
Não misturem os assuntos, pois é comum um casal começar a discutir, exemplo, o não cumprimento dos afazeres domésticos, o tempo demais no celular, o tempo demais no vídeo game, o não sair do casal para ter tempo de lazer, a falta de dinheiro e o que você imaginar agora enquanto termina a leitura do artigo e, depois de 15 minutos, já estarem brigando sobre outros problemas e desentendimentos do passado. Não façam isso. É preciso ter foco e discutir apenas o assunto que é necessário. Trazer à tona problemas antigos só tornará a discussão infundada, confusa e sem objetivos. Se isso acontecer em um momento da discussão, interrompa o seu parceiro e diga. Esse não é o assunto da discussão, vamos voltar a falar do real motivo? A tentação de rebater a provocação pode ser grande, mas seja firme.
Para Ayrton, uma relação saudável pode e precisa ter harmonia, sintonia, equilíbrio, respeito, admiração, confiança, amizade e a ausência de competição. Isso não significa não ter brigas e discussões, pois isso faz parte de qualquer relação, contudo elas devem ser bem direcionadas e conduzidas. Um relacionamento precisa de manutenção, é um sistema em constante movimento e mudança. Ou seja, para você manter seu emprego é necessário fazer concessões, mudar hábitos, comportamentos e ser responsável com os compromissos assumidos.
O que não dá para aceitar numa relação de jeito nenhum são brigas que culminam em agressão física, verbal ou psicológica, ou ainda traições recorrentes. Se a relação chega nesse ponto é melhor separar, ou seja, o divórcio é considerado saudável, explica o psicoterapeuta.

  
Referência Bibliográfica
CHAUÍ, MARILENA. HEIDEGGER, vida e obra. In: Prefácio. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
FREUD, S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD, S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD, A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD, S. Inibições, Sintomas e Ansiedade (1826). In: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Comentários e notas de James Strachey; Colaboração de Anna Freud; Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. XX
HEIDEGGER, M. Que é Metafísica? Os pensadores. São Paulo: Nova Cultura, 1996

MORENTE, MANUEL G. Fundamentos da filosofia: lições preliminares. 8 edição. São Paulo: Mestre Jou, 1980.

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  Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender a desorientação que faz o sujeito se sentir confuso, sem rumo e permanece no descaminho e afastado do ponto de partida em função da pouquidade de percepção. A sensação de que não há nada para realizar ou buscar no âmbito profissional é bastante frustrante e comum. Se para você nada mais faz sentido, é válido conferir as dicas que cito abaixo nos parágrafos de como se reencontrar e reavivar-se e se sentir entusiasmado realizando as suas atividades ou, então, em direção por um novo caminho. Identifique que está em crise, por mais curioso que possa configurar, muitas pessoas não sabem que estão vivenciando uma crise profissional e podem achar que é apenas uma fase ruim que irá passar. Porém, o inconveniente está no fato de que, em grande parte dos casos, essa fase não termina nunca e vai aumentando a sensação de vazio e intensa agonia. Sendo assim, se você tem sentid

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  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Na psicanálise, o comportamento humano é frequentemente dividido em duas partes: o consciente e o inconsciente. O consciente é o que estamos cientes e percebemos, enquanto o inconsciente é o que está escondido em nossas mentes e nos influencia sem que estejamos conscientes disso. Quando se trata de preferências de entretenimento, como o que as pessoas escolhem assistir em plataformas online, tanto o consciente quanto o inconsciente desempenham papéis importantes. Estímulos Conscientes: As pessoas geralmente escolhem assistir a vídeos que as fazem sentir-se bem, entretidas ou informadas. Elas podem estar conscientemente evitando assuntos relacionados à saúde mental porque acham esses temas desconfortáveis, perturbadores ou simplesmente não têm interesse neles. Escolhem coisas que se alinham com seus interesses pessoais, hobbies ou valores consci

Probabilidade de Desistir Da Psicologia

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Como um psicólogo aceita encarando a probabilidade de não exercer a psicologia Clínica e nem conseguir empregar-se em outra abordagem em alguma instituição com contrato CLT, devido a falta de pós-graduação, falta de experiência exigida pelo empregador e também estar no etarismo. E ainda por não ter recursos financeiros para cursar uma pós graduação em alguma área de interesse e ter que permanecer trabalhando como operador de caixa de supermercado até a aposentadoria por idade. Como psicólogo humanista, entendo que o psicólogo esteja enfrentando desafios significativos em relação à sua carreira na psicologia clínica e à busca de emprego em outras abordagens terapêuticas ou instituições com contrato CLT. É importante reconhecer e validar as suas preocupações e frustrações nesse processo. A abordagem humanista enfatiza a importância de compreender o indivíduo

Experimento Ilusório Com a Psicologia

  Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leit@r a salientar o momento dramático geralmente provocado por acontecimentos com respostas inesperadas em que o psicólogo se encontra mergulhado e sitiado por incômodos na busca de prospectos. O psicólogo encontra a ocasião oportuna para a realização de algo nas redes sociais por entre post impulsionados de modo pago, vídeos, porém as respostas surgem como impensáveis e discordantes oriundas da prospecção de clientes nas redes sociais que causa a frustração a qual surge como contingência necessária para o psicólogo tornar-se resiliente e evoluir na tolerância a frustração. Este relato de experiência ilusório, onde surge uma crença falsa e um erro de percepção que consiste em fazer uma interpretação visual e compreensão dos fatos que não coincide com a realidade do psicólogo que escreve o texto no momento. Através desta ilusão o psicólogo foi capaz de suportar a realidade e conceber

O Primeiro Emprego Como Desafio Do Psicólogo

  Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender o fenômeno os desafios do Psicólogo ao empregar-se no campo da psicologia. Mesmo que este profissional esteja empregado em áreas diferentes ou similares a área da saúde, para este profissional será como o primeiro emprego. Qual o impacto do primeiro emprego na carreira profissional do psicólogo. O primeiro cliente, o primeiro projeto dentre outros primeiros que surgem. O fenômeno primeiro emprego do psicólogo. Assim sendo, você, enquanto representante de uma espécie biológica que se relaciona de diversas formas em locais diferentes, está sujeito a uma grande variabilidade de fenômenos. Isso significa que, no momento em que lê este texto [sentado em seu quarto, no escritório, na faculdade], você está inserido em um fenômeno específico aí na sua consciência como os desafios do primeiro emprego no campo da psicologia. Este fenômeno pode permanecer na vida do profis

Desvalorização na escolha profissional

  Agosto/2019.     Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208 Pretendo por meio deste texto mostrar a desvalorização, a precarização na escolha de uma profissão e o castigo pela escolha feita ante o mercado de trabalho. Desvalorizado: Que se desvalorizou, que perdeu o valor, ou cujo valor baixou; depreciado. Que perdeu o mérito: O que caracteriza a ação de merecer honras ou castigos; merecimento: condenado pelos seus méritos. O profissional de hoje se encontra desvalorizado perante a sociedade, familiares, amigos e outros pela escolha de determinada profissão acadêmica ou técnica e como mérito por ter escolhido a profissão tem como recebimento o castigo do desemprego. Isto é de fato merecimento e condenação pelos méritos por ter escolhido a vocação ou qualquer outra profissão. Acaso o profissional merece ser castigado, condenado pela escolha que é oriunda da agente crise de desemprego ou qualquer outro tipo de agenciador? A crise de desemprego desvaloriza algumas pr

O desemprego e a angústia

Junho/2019. Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208        Por intermédio deste texto pretendo espelhar sobre a possibilidade de o homem enfrentar situações difíceis e ter a possibilidade de ressignificá-las, buscando um novo sentido para o desemprego. Existe um jargão muito bonito e comumente utilizado pelos profissionais da Psicologia chamado [ressignificar]. Ressignificar é atribuir um novo significado a um sucedido através da mudança de sua percepção sobre as coisas ou sobre o objeto. O conceito de Ressignificar realmente é dar um novo significado a alguma experiência, retirando o afeto. Ao ressignificar um episódio, você está retirando o afeto que ele tem sobre você, ou seja, ele não lhe afeta mais, não retira suas energias, ele não lhe angustia mais, nem lhe deixa nervoso, com medo, frustrado, decepcionado, desalentado e outros. Percebo que tais situações podem deixar marcas na consciência, que muitas vezes a expressão dessas dores é o isolamento, o fechar-