Outubro/2019. Escrito por
Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208
A
intenção deste artigo é, chamar a atenção do leitor(a) para olhar o fenômeno da
prioridade sobre a sua vida no cotidiano conturbado, a maioria das vezes realizamos
as coisas no modo autômato e vamos simplesmente cortando as tarefas que surgem
na nossa frente, no intuito de cumprirmos os objetivos e, quem sabe, termos um
tempinho para descansar. Com este modo de administrar os compromissos, acabamos
nos cansando e não alcançamos as nossas metas devido à desorganização. Daí surge
a necessidade de estabelecermos prioridades, tanto em nosso trabalho, em nossa
vida estudantil, quanto em nossa vida pessoal. Um psicólogo pode nos auxiliar a
perceber quais são as prioridades em nossa vida e nos orientar para que as
tratemos como prioridades realmente.
Para
isso é necessário compreendermos o que prioridade. Ao estabelecermos as
prioridades é necessário conhecer quais são nossos propósitos e, a partir
disto, motivar-nos para alcançá-los, sem nos dispersarmos com objetivos e
tarefas de menor importância. O tempo deve ser levado em consideração, pois
tempo e prioridade caminham juntos. A representação de prioridade já indica que
é [o que vem antes], ou seja, o objetivo que foi colocado em primeiro tempo,
aquele que devo dar a maior importância ou o objetivo que escolho realizar
antes, deixando as outras coisas em segundo plano para mais tarde ou para
outras pessoas. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer”
(1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado
experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo
há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram
reprimidos.
Para
designar as prioridades é preciso refletir sobre os objetivos: 1. Esta ação vai
me aproximar ou me afastar de um objetivo importante? 2. Que benefícios terei
se completar está determinada atividade? 3. Preciso fazer isto agora ou pode
ser adiado? 4. Tem como esperar? 5. E se eu não fizer? 6. A tarefa pode ser
delegada para outra pessoa?
Conseguindo
responder a estas perguntas tanto para o que é essencial em sua vida
particular, quanto na sua atividade profissional, sua vida amorosa ou outra
área qualquer que esteja pensando enquanto está lendo o artigo, você conseguirá
estabelecer prioridades para o dia a dia e também para um período prolongado. No
momento de identificar o que é prioridade, é importante se concentrar e atuar
de acordo para não perder o foco e realmente alcançar os objetivos
estabelecidos. Não são muitos os que, conforme vão surgindo as tarefas
corriqueiras, acabam esquecendo o que é prioridade e passam a abraçar novamente
tudo o que vem pela frente. Quando se dão conta, já estão longe daquilo que
tinham estabelecido como prioridade, gerando o sentimento de culpa. [...] O
sentimento de culpa é algo amplamente abordado pela religião, filosofia e
jurisprudência. Para a Psicanálise, é a experiência edípica que inaugura as
bases da moralidade; e o superego, sequela deixada pelo Édipo, a instância
responsável pela veiculação da culpa. O sentimento de culpa é o pilar da
civilização, pois através deste, as pulsões de destruição inerentes ao ser
humano seriam redirecionadas para o bem-estar da humanidade (FREUD, 1913/1974).
Concentre-se
naquilo que é essencial e organize todo o resto a partir deste ponto. Assim,
você não perderá o foco do que realmente é prioritário. Chamo a atenção que a
falta total de prioridades ocorre porque não sabemos quais são nossos objetivos
ou estamos confusos quanto a isso. O outro extremo é termos tantas prioridades
que, ao final, é o mesmo que não ter nenhuma, pois é impossível de alcançar
todas. Nestes casos, é bem-vinda a ajuda de um psicólogo. Ele poderá lhe
orientar para que, durante a terapia, se descubra quais são os objetivos
principais na vida e depois haja uma delimitação de prioridades. À luz da
psicologia, é possível reconhecer que acima de tudo devemos investir em nós
mesmo, no melhor de nós e realizar aquilo que nos traz qualidade de vida, ou
seja, o que é realmente prioridade para nos dar prazer. Precisando de ajuda
para definir e seguir suas prioridades? Procure um psicólogo e ele tornará essa
tarefa muito mais fácil.
Quantas
vezes você se elogia por ter conquistado um estilo de vida que lhe agrada? Você
faz uma revisão periódica dos seus hábitos para uma melhoria continuada? Sabe
da necessidade e prioridade de modificar comportamentos inadequados que estão
gerando conflito entre você e as pessoas ao seu redor? Reconhece os padrões
disfuncionais que o impedem de vivenciar o seu dia a dia de forma mais harmoniosa?
Em
pleno século XXI em que tudo é apontado pelo tic tac dos relógios, pela
tecnologia, pelas redes sociais, pela mídia televisiva muitas vezes, parece que
ao dispensarmos atenção para as nossas prioridades corporais, mentais e
emocionais estamos perdendo tempo para inúmeras outras tarefas, como a crise
conjugal, o desemprego, a doença, as dificuldades nos relacionamentos
interpessoais e as preocupações parecem questões tão mais urgentes, não é
mesmo? E como usar a psicoterapia?
Quando
uma pessoa define claramente quais são as suas prioridades, as decisões que
toma são muito mais fáceis. Vivemos em um mundo onde há uma dimensão de
territórios a serem conquistado que gera as vezes frustração. Esta emoção que
muitas vezes precede um estado depressivo em que a pessoa perde por completo o
controle da sua vida e das prioridades, é como um espinho que fica encravado no
nosso interior até nos deixar sem fôlego.
No
momento em que você se coloca como prioridade, observa que depender de si mesmo
é importante, pois é a sensação mais representativa que um ser humano pode
sentir, pois ela reflete a sua capacidade, força, coragem e principalmente o
reconhecimento de suas infinitas possibilidades de transcendência que ficaram
ali adormecidas enquanto este buscava nos outros a coragem e disposição para
decidir, mudar e ser diferente. Mudar por mudar muitas pessoas conseguem, mas a
mudança consciente é diferente, essa é aquela mudança que vem depois da
compreensão, que precisou ser pensada, refletida, analisada e internalizada, que
afina para mudarmos algo em nós mesmos, pois precisamos compreender o motivo e
o que queremos com essa atitude, se não for assim, não faz sentido!
A
probabilidade de estarmos somente reproduzindo e não criando/e ou desenvolvendo
é alta e assim, aquele velho comportamento ganha espaço outra vez. Desta forma,
se você quer realmente alguma coisa, seja ela qual for, não espere o outro
fazer por você, tente não buscar neste suas escolhas, suas prioridades e
afirmações de suas vontades, afinal ele também tem o direito de correr atrás
dos sonhos dele e não necessariamente tem que parar para realizar os seus. [...]
Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que
começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós.
Quando
você perceber a maravilhosa sensação de ser prioridade em sua própria vida,
você descobrirá que pode realizar muitas coisas e perceberá que o prazer se
encontra em cada uma delas, se aperceberá com autoestima e autoconceito, mas
para isso mova-se!
Referência
Bibliográfica
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD,
S. (1912/1913) “Totem e Tabu” in Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974.
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