Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a interpretar o lugar que ocupa o
dinheiro no inconsciente como crédito ou débito. Um psicólogo é capaz de construir
um esquema bastante razoável da psique de uma pessoa e, a partir disso,
discutir com ela as causas de seus males, suas possibilidades de mudanças e
coisas assim. Entretanto, é imperfeito quanto ao compromisso de perquirir, isto
é, inquirir minuciosamente a representação do dinheiro no contato com o script
graduar-se em psicologia, prospectar clientes para o consultório, cobrar
honorário e o que o dinheiro representa para o psicólogo faltante de clientes.
Há
uma diversidade de simbolismos empregados a ele. Essas representações variam de
acordo com o contexto social e de indivíduo para indivíduo. Esse signo flutua
do bem ao mal constantemente. A cédula pode ser concebida como uma construção
social na qual seu valor é vinculado à cultura local, crença coletiva ou como o
seu simbolismo é passado para as futuras gerações. Na sociedade capitalista, o vintém
é associado ao poder, talento e benção. A falta dele é tida como fracasso,
fardo e incompetência. O dindim afeta o nosso sentido de identidade, ir à
falência ou ter sucesso financeiro tem impacto significativo na autoimagem do
indivíduo.
A
moeda ativa reflete dívida, crédito, trabalho, cliente e a falta dele é capaz
de ser avistado por entre uma leitura mental e interpretação de crença
disfuncional como uma maldição, punição ou dívida a ser paga para que haja
circulação da moeda, do trabalho e de clientes na história de vida do
psicólogo. O modo como o dinheiro é originado também é fator de avaliação
pessoal. Herança, prêmios, salário ou obtenção através de atos ilícitos
atribuem ao dinheiro e ao seu portador conotações positivas ou negativas.
Se
o profissional for bom e estiver mesmo disposto a desvelar as interpretações
concernentes as representatividades do papel moeda, penso que a análise é capaz
de ter bom resultado, dado que as perguntas incitadoras são articuladas com a
intencionalidade de provocar a intelecção. Além da cadeia de significação
simbólica presente nas fantasias sexuais infantis, Freud considera o dinheiro
na clínica psicanalítica como detentor de uma importância primordial,
instituído por funções de autopreservação, obtenção de poder e carregado por
poderosos fatores sexuais. Uma das consequências desse fato é a dificuldade de
transmissão da dívida simbólica [ou dívida de vida], que constitui os
presentes, os filhos como o elo de uma corrente.
O
dinheiro como aquilo que sempre falta ou que nunca se tem o suficiente, mas
também como algo da ordem da necessidade, o que lhe faz pensar as cinco funções
do dinheiro [necessidade, poder, demanda, desejo e gozo]. Assim, ele [o
dinheiro] se faz necessário para a sobrevivência; é usado também como um sinal
de poder, como uma marca fálica; como uma demanda de amor, de dar o que não se
tem [ou o que faz falta]; como significante na cadeia associativa do sujeito e
por fim como um fator sexual.
O
capital é o componente vinculado à quantificação da libido, sendo ele o
responsável por seu símbolo. Fica evidente que o valor cobrado não deve ser
fixo, pois este deve equivaler ao valor do sintoma, mas também não deve ser
barato, pelo mesmo motivo do anterior. Sabemos também que não podemos atender
sem cobrar, pois isso acarreta em prejuízos para o analista, bem como aumenta
significativamente algumas resistências do analisando. Por fim, descobrimos que
não só o analisando paga, mas também o analista, com a sua interpretação, com a
sua pessoa e com a sua anulação enquanto sujeito.
Exemplo,
um cliente menciona ao analista que outro analista cobra o valor de $600 e não
poderia pagar porque considera alto e está fora do orçamento. Mas, diz que o
valor cobrado agora em sessão de $450 pelo analista atual se encontra no
orçamento, porém, depois de dois meses rompe com a terapia. $600 é um valor
muito alto para o cliente lidar com os sintomas, pois não dispunha de recursos
financeiros e nem emocionais, mas quando encontra o valor de $450 que está
dentro do seu recurso financeiro, o sintoma emocional é muito alto para se
defrontar, uma vez que não possui recursos emocionais suficiente para
defrontar-se com o sintoma, voltando a compulsão a repetição da dívida. Ou por
outra, obrigação moral consigo mesmo pela falta do cumprimento de prosseguir
com a psicoterapia. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e
elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à
repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro
de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior
for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que
esse passado recalcado desperta em nós.
Por
pagamento simbólico entende-se o recebimento de algo que represente a aceitação
do tratamento psicanalítico e que não possua valor de troca mercantil. Por que
gerar uma dívida quando já há uma dívida simbólica? A dívida não é posta em
jogo a partir do momento em que o analista aceita que lhe devam. Em geral, o
analisando põe em jogo esta dívida sozinha, de uma maneira singular, dependendo
de cada estrutura.
O
analisando é capaz de criar dívidas inconscientes em diferentes circunstâncias
da vida, incluindo a análise e dívidas com FIES, supermercado, cartão de
crédito, lojas, pensar que está em dívida de confiança no relacionamento,
dívida de fidelidade, dívida quanto ao pagamento do dízimo na igreja, dívida de
autocobrança de si mesmo porque não prospecta cliente para o consultório por
isso não alcança as metas, em dívida de gratidão com uma parentela que lhe
prove certa quantia em moeda papel no sustento por encontrar-se desempregado.
Em
dívida consigo mesmo nas questões do que prometeu na virada do ano e não cumpriu
em 365 dias, em dívida com o desafio jovem eliasibe que acolheu no tratamento
com ausência de pagamento, em dívida de gratidão com o filho e o primo que
acolheu por tempo limitado na residência, em dívida com Deus, isto é, obrigação
moral em relação a Deus de quem recebeu o favor de libertação de algo e falta
do cumprimento dos preceitos dentre outras.
É
capaz até de pagar todos os seus compromissos no prazo, e às vezes pagando
demais; há a possibilidade de esperar que sempre apareça alguém que pague suas
dívidas; ou é provável ainda pensar que não tem dívida alguma. Visto que há uma
dívida simbólica pela sexualização, o sujeito, com o que perdeu, pagou pela
operação de proibição do incesto, operação da função paterna. As formas antes
mencionadas são expressões de não querer saber nada sobre isto, ou seja, sobre
a dívida pela sexualização e filiação. O sujeito tem uma dívida simbólica e não
sabe o que fazer com ela.
As
dívidas emocionais têm um efeito semelhante ao das dívidas materiais, causam
angústia, geram culpa e viram um obstáculo que atrapalha a vida. A diferença é
que enquanto as dívidas econômicas são concretas e têm termos acordados, as
emocionais geralmente são fruto de fantasias e, por isso mesmo, são confusas e
enganadoras. Uma dívida emocional aparece quando você se compromete com você
mesmo ou com os outros a fazer algo e depois não pode cumprir.
Por
vezes esse compromisso é explícito, você diz em voz alta que o fará, mas outras
vezes a dívida se configura de maneira inconsciente e você nem sequer sabe ao
certo se deve cumprir ou não com algo que sabe que esperam de si, mas que na
prática você nunca se comprometeu a fazer. Também pode acontecer de o pai, a
mãe ou outra figura com a qual você tenha um vínculo emocional muito forte crie
o compromisso. Talvez tenha sido outra pessoa a querer que você fosse um grande
psicólogo, engenheiro ou um atleta de futebol bem sucedido.
Mas,
você alcançou outras metas e, mesmo assim, algo em seu interior o deixa
inquieto e lhe faz pensar várias vezes que está em dívida com essas pessoas
amadas. Finalmente, as dívidas emocionais também podem resultar de experiências
negativas ou traumáticas para você. Por exemplo, você sofreu uma afronta quando
estava na escola/ e ou colégio ou universidade, um grupo de amigos o intimidou
e você não reagiu. Com o passar dos anos, você se sente timido por não ter se
defendido e se sente em dívida consigo mesmo. Ou ainda é capaz de estar em
dívida inconsciente, porque não conseguiu se destacar na classe perante outros
estudantes com notas acima da média, mesmo depois de graduado em psicologia.
O
pagamento simbólico e a dívida simbólica, desvela-se de dar ou não o que o
outro pede, como quando um adulto tem o poder de ir ou não no banheiro quando o
psicólogo pede [dar ou não o que o outro quer]. Uma análise é cara, mas não
necessariamente em seu valor financeiro, e sim, no investimento que o sujeito
coloca de si no processo. O quanto um sujeito banca sua própria análise é
refletido em parte no valor que paga em sua sessão.
Com
a pertinência do pagamento em questão, durante um tratamento, provocamos o
inconsciente a trabalhar, em razão do mesmo estar investido pelo circuito
pulsional do sujeito. O que nos interessa pensar é a relevância do pagar, uma
vez que se espera que seja efetuado com satisfação, na medida em que o sujeito
possa assumir algo de seu desejo e, portanto, querer saber do seu sofrimento.
Ao fato de pagar, independentemente de haver ou não prazer nisso, se espera uma
implicação no ato, não sendo apenas em cifrão. Mas, como conseguir fazer isso
sem cair numa prática de assistencialismo? Ou seja, gratuidade.
Exemplo, de um sonho, Jorge estava num local e cumprimenta o
Antônio empregador de tal empresa de nome fictício Termothec que trabalhou no
passado, e lhe pergunta, onde está o dinheiro para que eu Jorge possa pagar tal
pessoa. Interpretação do sonho: Ego está proibido pelo superego de ter acesso a
dinheiro para realizar o pagamento da dívida simbólica. Ego está em dívida com
tal pessoa que não sabe o nome e quer pagar a dívida para livrar-se da
angustia, mas o superego esconde o dinheiro em um lugar que apenas ele sabe
onde está, deste modo coloca o ego em pagamento simbólico e dívida simbólica na
posição de faltante de autonomia, liberdade, autoridade dentre outros.
Gerando
conflitos entre o superego e ego através da culpa, medo, por ausência de
insight intelectual da parte do Ego. Superego está negando ao ego pagar a
dívida, impedindo de colocar em movimento a dívida simbólica. Por isso ego quer
entrar na compulsão a repetição do passado, dado que ego não faz mais parte da
empresa, e, portanto, quer pagar uma dívida que não é sua. Por isso a dívida é
de responsabilidade do superego, apesar de ego fazer uma interpretação
equivocada pensando que á responsabilidade da dívida é sua. O superego está
isentando o ego de assumir qualquer dívida e responsabilidade, por isso mantem
a bufunfa fora do alcance do ego. A dívida do ego se encontra noutro local que
não a Termothec. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma
desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de
perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud,
2006, p.162).
Por
tanto uma dívida simbólica representa a obrigação moral em relação a entidade
que pode ser desde uma instituição a uma corporação ou uma pessoa ou [Deus] em
particular de quem se recebeu um bem, um favor ou vantagem, reconhecimento e
gratidão. Simboliza também dever moral ou material em relação a alguém que foi
prejudicado e até a falta de cumprimento de normas e regras.
Freud
também nos orienta sobre a importância do dinheiro a ser colocado como um dos
pontos capitais a ser tratado no começo de uma análise, além de especificar
também o valor comumente dado, posto que, quando o paciente aborda a questão do
dinheiro o terapeuta deve atribuir isso a devida relevância simbólica do que está
sendo dito, ou melhor, entendendo que o dinheiro circula como padrão fálico
social nas relações de trocas. Inserir essa lógica no tratamento também é uma
forma de fazê-lo trabalhar sobre suas questões.
A
colocação do pagamento coloca o inconsciente a trabalhar. Logo, recomenda-se
que não sejam oferecidos tratamentos gratuitos semanal, quinzenal e até mensal
ou amenização do valor, em razão de não potencializar as resistências do
neurótico, visto que o trabalho analítico consiste em responsabilizar o sujeito
por seus atos, assim, através do pagamento, implica-lo naquilo que sofre. Apesar
de compreender que os serviços psicológicos semanal, quinzenal e mensal para
algumas pessoas tem eficácia para alcançar resultados esperados. Mas, para
outras o acolhimento quinzenal e mensal não surte o efeito esperado, dado que o
inconsciente trabalhará no modo muito espaçado, ou seja, fora da rotina
semanal.
Apesar
disso, será que ele já não paga com todo o sofrimento de seu sintoma? Talvez, porém,
não o bastante para abandoná-lo. Sobre isso, sugiro primeiramente uma breve
reflexão sobre a relação sintomática do sujeito com o seu sofrimento,
considerando que essa também é uma forma de satisfação.
O
sofrimento e a dor que sentimos por cada investimento frustrado se manifesta
através de sintomas, tanto no corpo como nos pensamentos. Se o pagamento compõe
uma dimensão simbólica para o sujeito, como estipular um valor compatível a
este? Ou seja, o valor a ser pago pode ser pensado como um significante que
organiza e é organizado pelas relações sociais, o que não significa que a
partir disso deve existir uma padronização deste.
Este
significante pertencente à cadeia simbólica, que tem o seu registro no
inconsciente, vai dizer dos investimentos que são atribuídos no ato da formação
de compromisso do tratamento. Todavia, a possibilidade de escuta no sentido de
acolher esse cliente e, consequentemente, a construção de uma demanda de
tratamento, diz respeito a seu sofrimento, angústia, e a supor um saber sobre
si no terapeuta/analista, que, através da relação transferencial, implicará na
simbolização de um valor a ser pago. O pagamento é uma das ferramentas
fundamentais no tratamento, para a psicanalise.
Conforme
a citação acima, a importância desse recurso se dá devido ao lugar simbólico e
fálico que o dinheiro ocupa na dimensão social e, portanto, especificamente nas
relações de trocas entre as pessoas. É preciso dar de si, porém não mais nos
moldes daquela relação alienada ao desejo do Outro, em que o sujeito dá aquilo
que lhe é mais precioso para ser amado, ou seja, um trabalho na realização do
desejo do Outro.
O
gesto do pagamento instaura um corte de um outro ao Outro, do imaginário ao
simbólico. Numa análise, não se trata de um caixa comercial, do dia a dia, mas
do balcão do Outro. O que a pessoa quer comprar nesse balcão do Outro é um
maior saber sobre si mesma. Ela vai para uma análise para se conhecer melhor.
Supondo que o psicólogo tenha este saber, ela paga um valor X que corresponde
ao que ela quer receber quanto a seu conhecimento. Apesar disso, não é isso que
vai ocorrer numa dívida. Ela vai pagar um valor X e não vai receber isso. Não
vai receber isso, não porque o psicólogo não queira dar. Ela não vai receber
isso porque esse nome não existe.
Então,
a pessoa vai começar a descobrir que está pagando por uma coisa que não existe,
o que ocasiona o desprazer. Contudo, o fato de não existir não quer dizer que
seja sem importância. Ela quer encontrar um nome para si mesma e se não está
recebendo o nome ou não descortina o nome, entende que é porque ela está em
dívida. Entra aí a questão da culpa, que se resolver a culpa, pagando a dívida,
o Outro vai reconhecê-la. [...] Em sua obra “Além do Princípio do
Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do
passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que
nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
É
o princípio da religião, resolver a culpa e ter a contemplação de Deus. Ela
tenta se aliviar de uma culpa, e a própria culpa é um elemento de expectativa
de que se tem um nome. Por que culpa? Se eu não tenho um nome, eu fiz alguma
coisa para perdê-lo. Fui expulso da análise. Por isso eu tenho culpa. Assim, se
o cliente não pagar a dívida, o psicólogo o está deixando no registro eterno da
culpa. É preciso pagar para saber que o pagamento não salda a dívida. Ao se dar
conta que não pode pagar a dívida, o cliente pode abandonar a dívida ou então
mudar de registro.
Neste
caso, saindo do registro da dívida para o registro da responsabilidade. Para
possibilitar esta passagem para o registro da responsabilidade, é importante
que o psicólogo considere que não se negocia uma dívida, que se ela for
barateada, a realidade pode se sobrepor ao real.
O
valor cobrado numa análise é uma intervenção do psicólogo, é o próprio manejo
financeiro, é o que possibilita que o símbolo alcance o real. Isto é, o cliente
é chamado para além do valor simbólico do dinheiro, para um lugar inabitado.
Chamado para outra cena. Mesmo que não haja pagamento, ele está lá. O psicólogo
é responsável pela intervenção e é ele que decide pelo ato arriscado da incisão
a ser feita.
O não cobrar/ e ou pagar seria o mesmo que ser o depositário
de um segredo valioso sem poder fazê-lo circular. Em outras palavras, o sujeito
vem prestar contas de seus crimes e para tal ele paga com dinheiro, maneira de
colocar em movimento a dívida simbólica.
Se
não ter dinheiro apresenta uma falta na ordem do ter, é necessário
perguntar-nos de que forma, ou através de que manobra, seria possível operar
sobre essa falta para ordenar o dispositivo analítico e poder situar a falta em
ser. Dito de outra forma, dar lugar ao sujeito desejante como produtor de
significantes que articulam o saber inconsciente como verdade, possibilidade de
fazer outra coisa com a fixação pulsional que dá gozo ao sintoma.
O
tema do pagamento na clínica é algo que é sempre discutido e parece dar medo em
muita gente. Algo que não podemos nos furtar na nossa práxis é pensar qual
valor damos a ela. Os tratamentos em regime de gratuidade, ou com valores
baixíssimos, praticados em universidades ou outros centros de formação colocam
em xeque preceitos enunciados desde Freud.
O
valor da análise é intrínseco ao próprio andamento do processo. Ele se
diferencia de qualquer outro tratamento na medida em que o analista não
responde à uma demanda de um comprador [e não responde mesmo]. A análise não é
algo que se compra em um balcão, um serviço com orçamento, como outro qualquer.
O
tratamento gratuito aumenta enormemente algumas das resistências do neurótico
em moças, por exemplo, a tentação inerente à sua relação transferencial, e, em
moços, sua oposição oriunda de seu complexo paterno e que apresenta um dos mais
perturbadores obstáculos à aceitação de auxílio médico. O acolhimento de graça
suscita no inconsciente do psicólogo que o cliente se situa na condição de
débito, isto é, quantia em dinheiro que se tem de pagar ao psicólogo pelas
sessões de graça, uma vez que recebeu de graça saber do psicólogo e por isso
deve-lhe gratidão, respeito e no futuro a contratação dos serviços
psicológicos, mas mediante pagamento.
Tanto
psicólogo-cliente, ambos estão em dívida, isto significa, falta de cumprimento
da obrigação de cobrar as sessões, no caso o psicólogo. E o cliente em dívida,
isto é, falta de cumprir o pagamento das sessões. Assim dizendo o cliente guardou
no psicólogo os seus segredos, mas não pagou para a circulação da dívida de
gratidão simbólica em movimento junto ao psicólogo. E o
psicólogo ficou em dívida consigo mesmo por se acovardar-se na posição
de altruísta.
Quando
a moeda papel se acha noutro local que a própria percepção não alcança traz
consigo as inquietações, uma vez que o sujeito se apercebe falto dos trocados,
gerando débito em si mesmo por não ser capaz de suprir respondendo aos próprios
anseios. Se porventura um sujeito não encontra um psicólogo que lhe sirva de confidente
de seus segredos por ser falto da moeda papel, este não logra prestar contas e
não é capaz de conduzir a movimentação a dívida simbólica.
O
não ter a moeda altera qualquer representatividade sobre o símbolo dinheiro, e
dessa forma, influência significativamente a subjetividade. Isso implica dizer
que a pouquidade da bufunfa, por si mesmo, é objeto detentor da energia
libidinal. Em vista disso, o sujeito falto de vintém não tem ligação afetiva ou
moral com a libido.
De
modo que não existe meio de pagar a sessão o inconsciente está interditado de
trabalhar, potencializando as resistências. Como não há trabalho analítico,
isto equivale que não existe responsabilização do sujeito por seus atos, do
jeito que não há pagamento, não há como implica-lo naquilo que sofre. Uma vez
que não paga, não há a contingência para desocupar-se das contrariedades, isto
é, não tem como tomar conhecimento da ansiedade, insegurança em relação ao
dinheiro. E as vezes também não encontra o analista aprimorado para provocar no
analisando as representações do dinheiro na sua vida.
Encontrar
alguém feliz porque está em dívida, seja emocional ou material é algo
praticamente impossível. Devido a característica de insucesso criada pela
sociedade, a pessoa se sente triste por que não conseguiu gerenciar suas
finanças, vida profissional e não ter conseguido alcançar os seus planos. Procurar
por um fator externo pode prejudicar ainda mais a situação. Saiba que independentemente
do seu salário, ganhar mais dinheiro pode não resolver o seu problema. Entender
os seus hábitos será a principal chave para gastar menos e adequar o seu salário
com sua situação de vida atual.
O
psicólogo que trabalha para promover saúde, trabalha para que as pessoas
desenvolvam uma compreensão cada vez maior de sua inserção nas relações sociais
e de sua constituição histórica e social, enquanto ser humano.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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