Março/2020. Escrito por Ayrton Junior -
Psicólogo CRP 06/147208
Este
texto vem mostrar como podemos ser afetados por eventualidades é por tanto um
chamado a compreender e observar pensamentos diante da relação de certezas e
incertezas. O amanhã é um mistério, porém constantemente estamos nos
perguntando para onde a vida nos levará. Frente a esta pergunta surge, em nossa
mente, por mais otimista, por mais que tenhamos fé em nós e em Deus, a
curiosidade ingênua e a vontade de conhecer o que está por vir através da
curiosidade epistemológica. Queremos ter o controle de tudo, isto nos causa um
grande temor, o que será o amanhã? Como lidar com a incerteza que aparece a
nossa consciência todos os dias? Principalmente o que nos aflige é saber como
suprir a necessidade de nos sentirmos seguros e certos de que nossas escolhas
nos levaram aos resultados esperados e de prazer. [...] Em sua
obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo
para impulsos instintuais que foram reprimidos.
A
angústia pode aparecer em qualquer momento de nossas vidas até mesmo no mais tranquilo,
pois aí é que mergulhamos em novos projetos, sonhos que nos levam a fazer
escolhas que geralmente vem acompanhadas de ansiedade, dúvidas, angustia,
incerteza e cada uma delas tem seu preço e seu prêmio, neste momento precisamos
aprender a olhar para o prêmio, pois o preço vamos pagar independentemente da
escolha que fizermos.
Geralmente o que nos faz sentir angustia são
pensamentos sobre o futuro, sobre o objeto que desejamos e queremos ver e tomar
conhecimento, contudo também é necessário verificar se existe algum motivo
orgânico exemplo, distúrbios hormonais, falta de ferro, problemas cardíacos,
menopausa e outros. Entretanto pode ser um alarde da depressão situacional, ou
ainda ansiedade generalizada. Se você perceber que está constantemente com essa
sensação analise o que está pensando, vivendo no momento, e procure enfrentar a
situação sem fugir ou reprimir.
Perceba
se está tendo pressão do ambiente familiar, do profissional ou do desemprego,
se guarda traumas, complexos de sentimento de inferioridade baixa autoestima,
enfim procure se aperceber e se respeitar mais. Muitas vezes ficamos presos as
eternas duvidas que são geradas pelas expectativas de que nossas escolhas se
realizem como esperamos, que acabamos vivendo do futuro e perdemos o que há de
mais importante o presente, o aqui-agora.
Claro
que como não conhecemos o futuro fazemos nossas opções e algumas vezes dá
certo, outras não, mas com certeza se conseguirmos encarar tudo como um
processo de evolução de aprendizado, levaremos a vida de forma mais leve e
menos sofrida. Uma atitude que muitas pessoas têm perante a vida, é a de incerteza,
o imprevisível e a dúvida são vistas como experiências terríveis e insuportáveis
que devem ser evitadas a todo o custo. Se não gosta de incertezas então pode perceber
o ato de preocupar-se como algo útil. Pode pensar que preocupar-se é uma forma
de preparar-se para o pior. Preocupar-se poderá ser visto como uma forma de
prever os acontecimentos de vida para que não haja surpresas desagradáveis.
Como tal, preocupar se reduz a sua experiência da incerteza e do imprevisível.
E por causa desta redução de incerteza provavelmente continuará a preocupar-se
mais e mais.
Por
outras palavras, a preocupação ajuda-o(a) a acreditar que tem mais controlo e
certeza na vida. Embora na realidade, a sua preocupação faz com que tenha mais
certeza no que vai ou não acontecer na sua vida? Preocupar-se mudou realmente o
resultado do que vai acontecer? A vida continua a ser incerta e é imprevisível
como sempre, foi apenas a sua percepção de que tem mais controlo é que mudou.
Mas será mesmo verdade? Nestas circunstâncias, por hábito, pensamos nos piores
cenários, sentimo-nos mal neste processo e muitas vezes paralisamos quando
temos de agir. Então pergunte-se, preocupar-me sobre a incerteza vale a pena?
Talvez esteja na hora de pensar diferente.
Um
dia chegamos em nossos empregos, em nossas salas de aula, em nossos
atendimentos voluntários e nos questionamos o que estamos fazendo ali. Um dia
nos pegamos fazendo alguma coisa e nos perguntamos porquê estamos fazendo isso
[trabalhos voluntários, trabalhando nesta organização, a busca incansável por
emprego, vivendo essa relação doentia e outros que você pensar enquanto lê o
artigo]. Um dia sofremos por alguma condição que nos é imposta pela vida e aos
poucos tudo muda e nem nos demos conta e, um dia, nos lembramos que determinado
assunto foi problema e que hoje não é mais e nem percebemos como o deixou de
ser. O que ocorre é que todos os dias acordamos diferentes. Não percebemos
nossas mudanças, embora todos os dias repetimos pensamentos e nessa repetição,
encontramos soluções e melhores definições ou não. Ou seja, continuamos a agir
de acordo com a crença do eu não sei. Que é a certeza de não saber. [...]
Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que
começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós.
A
busca de certezas, em algumas situações, pode expor-nos ao sofrimento e a dor.
Muito mais do que as incertezas. A incerteza é um obstáculo constante que
aparece na vida, gerando medos e preocupações. Não saber o que vai acontecer
significa não ter controle sobre as coisas/ e ou não saber onde mais procurar
emprego. Nestes momentos, é preciso parar e refletir, pedir ajuda se necessitar
e lutar para conquistar. A incerteza é equiparada a uma dúvida da qual
predomina o limite da confiança ou estado da crença na verdade de determinado
conhecimento, pois até o presente momento o indivíduo usou de todos os seus
recursos internos e saberes e ainda assim não tem certeza de nada a sua volta.
Chamo
a atenção para suspender as ações até encontrar um cenário clarificado/ e ou
desvelado. O normal nestes casos é a suspensão da decisão [epochê] que se
pensava implantar diante de um estado normal de situação para evitar qualquer
equívoco ou erro grosseiro que nos poderia complicar no futuro. A insegurança
que uma pessoa sente diante de um acontecimento, é percebida como incerteza e costuma
ser chamada de insegurança experimenta após determinado acontecimento. Depois de
dois anos desempregado existe uma grande incerteza sobre o indivíduo conseguir
emprego.
Em
ambos os casos mencionados, a incerteza goza de uma conotação negativa e
consiste basicamente em um importante grau de desconhecimento ou, melhor
dizendo, na falta de informação, pois de fato existem discordâncias sobre o que
se sabe ou o que pode ser conhecido. Pode referir-se a uma situação em que não
se pode prever exatamente o resultado de uma ação ou o efeito de uma condição.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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