Março/2020.Escrito por Ayrton Junior -
Psicólogo CRP 06/147208
Pretendo
por meio deste artigo, mostrar que se olharmos para as eventualidades que
ocorrem em nossas vidas e nos distanciarmos das emoções ajuda e muito nas
tomadas de decisões. A circunstância é um fator externo que afeta um indivíduo
em particular. É uma situação pontual com algumas qualidades e características
específicas. Elas podem ser permanentes ou pontuais. Por exemplo, uma pessoa
fica doente porque está desempregada e não consegue arrumar emprego é algo
circunstancial e pontual. Em compensação, uma pessoa ter grande
responsabilidade sobre alguma coisa é algo permanente até que surja uma nova
mudança em sua vida.
É
bom destacar, que na maioria das ocasiões, uma vez que a vida é uma mudança e a
existência tem duração temporária, o certo é que a maioria das circunstâncias
vitais pode ser mudada. Portanto, devemos nos adaptar sempre a novas situações
que surgem ao longo da vida. Para conhecer e compreender uma pessoa em sua
atitude é importante também conhecer as circunstâncias que lhe afetam de forma direta
e que exercem clara influência. Existem também as circunstâncias negativas e
desagradáveis, por exemplo, quando há uma tragédia em um acidente de trânsito,
o desemprego, a queda na bolsa de valores, a tarifa da passagem de ônibus que
aumenta, os preços dos alimentos, os juros nas parcelas de automóveis e outros.
As
falhas circunstanciais na comunicação. É possível acontecer desentendimentos
mesmo quando a pessoa tenta falar de forma clara. Mas, normalmente, os grandes
problemas ocorrem quando se espera que o outro entenda apenas com sinais e
indiretas. Nesse caso, é importante perceber que o outro não entende porque a
pessoa não está comunicando o que deseja. O que o mercado de trabalho quer comunicar
que não estou entendendo através dos sinais de reprova nas profissões que estou
buscando, em diversos campos de atuação
Entendo que em algumas escolhas buscamos
apenas o salário e a oferta que o mercado nos dá como opção de escolha no
momento e mesmo assim nem todas as funções nos proporciona um salário digno
para viver na sociedade. Sem perceber temos muitas escolhas durante o dia, mas
somente as escolhas que o mercado de trabalho tem a oferta e sem perceber somos
arrastados por elas e pelas expectativas dos outros em relação às nossas
decisões. Perdemos a nossa identidade, de quem realmente somos, e vivemos e
acreditando naquilo que as pessoas pensam de nós. Perdemos o nosso poder de
decisão porque temos medo de errar, porque se errarmos, o que irão pensar de
nós, e como isso vai afetar a minha segurança.
Fatores que influenciam na tomada de
decisão. Há muitos fatores que influenciam diretamente na tomada de decisões.
Muitos deles podem estar associados ao núcleo familiar e com os aspectos
culturais do indivíduo, como: Ausência da figura materna e paterna, a troca de
papéis na família e a superproteção dos pais podem afetar a criança e torná-la
frágil para encarar a vida. Com isso, o resultado é uma pessoa sem preparo para
a vida adulta, insegura, com baixa- autoestima. A dificuldade em lidar com as
emoções e discernir as emoções positivas ou negativas interferem diretamente na
toma de decisões. Muitas vezes há distorções no entendimento das emoções o que
leva a confusão e a incapacidade de decidir. Acreditamos que uma emoção não é
boa quando na verdade ela é ruim e nociva.
O
hábito de valorizar o que é negativo e esquecer o que é positivo podem
distorcer as nossas referencias. Por exemplo: Se uma pessoa passou por um
período longo de desemprego, pode levar esta mesma pessoa a ter dificuldade
para procurar e decidir não ir à procura de emprego por causa daquele fato
isolado. Para quem está acostumado com a indecisão pode ser difícil desenvolver
a capacidade de escolher e não sabe nem por onde começar.
De
início, mesmo que não souber escolher, escolha. Arrisque. Evite deixar a
responsabilidade da escolha para os outros como por exemplo, você é quem sabe,
o que você acha e outros. Aprenda a prestar atenção nas emoções, pois todas as
vezes que a situação exige uma escolha, vem logo uma sensação ruim, uma emoção
desconfortante. Supere e siga em frente com a decisão, mesmo que isso provoque
desconforto. Alguns sujeitos são indecisos, precisam que os outros aprovem suas
escolhas ou que até mesmo tomem decisão por elas. A dificuldade em tomar
decisão pode trazer problemas, levar o indivíduo a abrir mão de suas vontades [profissionais,
um voluntariado], daquilo que no fundo ela deseja.
Isso
pode acontecer por vários motivos: Sente-se insegura ou incapaz de escolher o
que é bom para si mesma. Aprendeu a esperar que os outros tomem decisão ou
aprovem suas escolhas [precisam da aprovação de Deus]. Segue o que os outros
falam e pensam, como se a opinião deles valessem mais que sua vontade.
Acostumada com os outros dizendo o que deve ou não fazer/ e ou sentir. Não se
permitiu dar voz aos seus desejos, não conhece e nem reconhece o que quer ou
sente. Calou os próprios interesses, quem no fundo ela é. A pessoa sente
impotência porque fica dependente da aprovação dos outros [família, amigos
próximos, namorado e até mesmo de Deus].
É
comum o sentimento de culpa quando pensa em fazer algo diferente do que
disseram. Ela acredita que não tem o direito de ir contra o que programaram [trabalhar
como repositor em supermercado, concurso para agente de educação infantil,
trabalho voluntário ou trabalhar em qualquer outra função não seja a que o
indivíduo se formou academicamente], porque isso significaria decepcionar os
outros. Refém do seu próprio silêncio, não consegue dizer não. O indivíduo pode
ficar confuso, sem saber se foi ele quem fez as escolhas, ou se foram os outros
para estar atuando naquele momento em dada circunstância pontual ou permanente.
Ficar
assustada em tomar suas próprias decisões, com dificuldade em ser independente
e ter autonomia. Ter medo em assumir responsabilidades sobre suas próprias
escolhas. A pessoa não percebe que essa indecisão e falta de autonomia destrói
sua essência, suas motivações, decepcionando a si mesma o tempo todo. [...]
Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que
começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós.
Não
assumir as rédeas da própria vida pode gerar muitos conflitos emocionais [angústias,
sentimento de inferioridade, tristeza, desânimo], trazendo cada vez mais
prejuízos em sua vida. É importante refletir, será que você está sendo óbvio e
claro na sua comunicação sobre a busca de emprego ou qualquer outro objeto
que deseja? Está falando com todas as
palavras o que quer dizer? Há alguma dificuldade em dizer aos outros o que
deseja? Por que? Provavelmente você também já deixou de entender alguns sinais
de alguém. Normalmente é difícil adivinhar se não disserem o que exatamente
querem, não é mesmo? Muitas decisões são erroneamente tomadas em cima de
informações incompletas. Se você não consegue enxergar o problema com clareza,
vendo todos os aspectos, todos os ângulos, muita coisa fica no ponto cego ou
escondida debaixo do tapete.
Quando
a situação está toda esclarecida é hora de refletir em cima dos pontos
levantados. Essa é uma etapa que a grande maioria das pessoas falha, pois exige
pensar, pensar muito e com lógica, o que no mundo de hoje, poucos fazem, por
estarem na condição de alienados. Ajuda muito esse processo de autorreflexão,
manter uma lista de prioridades e valores, que devem ser um passo já feito no
seu processo de autoconhecimento. Decisões são sempre tomadas em cima dessas
listas, mas na maioria das vezes, elas não estão claras e permanecem guardadas
no inconsciente. No final das contas, não importa o que outra pessoa faria no
seu lugar, por isso é que pedir conselhos é inútil. Outras pessoas possuem
listas diferentes de prioridades e valores e tomarão decisões com base nelas.
Uma outra pessoa pode acertar muito bem tomando uma decisão completamente
diferente do que o que seria ideal para você. A mesma decisão no seu caso
poderia ter o efeito oposto. [...] Em sua obra “Além do Princípio
do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora
do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que
nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos
instintuais que foram reprimidos.
Um
passo mais adiante que foge um pouco do processo de tomada de decisão, mas é
parte de um aprofundamento no autoconhecimento é refletir em cima dessas
listas. Muitas vezes, nossas prioridades e nossos valores são justamente o que
está nos jogando no buraco [atuar apenas num campo de atuação especifico que
não seja fora da profissão] e nós insistimos em valorizar as coisas erradas
teimosamente. Se paramos para refletir sobre isso, temos a oportunidade de
fazer alterações significativas nessas listas.
Por
último, mas não menos importante, é desenvolver o senso de autoconfiança para
tomar decisões. Essa característica está muito ligada à própria
responsabilidade pessoal. Quem gosta de colocar a culpa nos outros sente
necessidade de pedir conselho [para alguém ou Deus na tentativa de evitar o
erro], pois se algo der errado, ela se isenta da responsabilidade, pelo menos
dentro da própria cabeça. A autoconfiança se constrói em cima da autorreflexão,
pois é nessa etapa que a pessoa faz um levantamento e pensa sobre os motivos da
decisão, pesa-os e conclui que o melhor para si é decidir sobre.
O
essencial a ser compreendido é que não existe uma única decisão certa para todo
tipo de problema e que ninguém sabe o que cada um deve fazer da própria vida.
Por esse motivo, pedir conselho para alguém para quem você atribui autoridade e
conhecimento é inútil. Essa pessoa pode saber muito bem o que ela deve fazer da
vida dela, mas não sabe nada da sua. Algumas pessoas não conseguem tomar
decisões porque não querem abrir mão de determinadas coisas, exemplos,
profissão, casamento, namoro, carro e outros.
Esses
indivíduos querem tudo ao mesmo tempo e, com isso, acabam muito apegadas àquilo
que têm, ficando sempre em cima do muro e com medo de perder. É preciso se
livrar desses padrões limitantes de apego e fazer escolhas conscientes em busca
daquilo que você quer, e não em busca de atender suas necessidades emocionais.
Antes de tomar qualquer decisão, avalie os ganhos e perdas de todas as
possibilidades com clareza. Coloque na balança e veja o que te fará mais feliz,
e não mais seguro. Além disso, encontre formas de aceitar e lidar com cada uma
das perdas que a sua decisão trará.
Use
o racional, olhar as situações de maneira racional é importante para tomar
decisões mais assertivas e conscientes. Se você quer acessar todos os recursos
para vencer os seus medos e tomar decisões assertivas, este é o caminho.
Referência Bibliográfica
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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