Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender, a importância da
heurística na vida do ser humano. A heurística afetiva tem por base um
sentimento, consciente ou inconsciente, que resulta da qualificação de um
estímulo, que, por sua vez, pode ser positiva ou negativa, conforme
qualificamos o estímulo como bom ou mal. Em um mundo cheio de pressa, as
emoções mandam. Quase não há tempo para refletir, para pensar melhor, com calma
e equilíbrio. Por isso, a heurística do afeto diz que grande parte das decisões
que tomamos são orientadas com base no nosso humor.
A
heurística do afeto diz que as emoções determinam grande parte dos nossos
pensamentos e, consequentemente, das nossas próprias decisões. Algo assim tem
uma grande relevância, por exemplo, no modo como nos alimentamos, como
compramos e como reagimos diante das dificuldades cotidianas da vida, momentos em
que nem sempre há tempo para refletir, para pensar melhor. Todos nós
gostaríamos, sem dúvida, de ter mais tempo para filtrar e processar grande
parte das informações que recebemos. Seria incrível poder interromper o movimento
do ponteiro dos segundos e parar o tempo para apreciar de maneira mais
descontraída tudo ao nosso redor. No entanto, isso nem sempre é possível. Por
isso, muitas vezes formulamos respostas, seguimos comportamentos e realizamos
escolhas em questão de segundos, sem que nada disso passe pela sala mental da
análise ou pelo tapete da reflexão.
Quando
pensamos rápido, muitas vezes não pensamos bem. E não o fazemos por uma razão
simples; porque também não nos sentimos bem, porque nosso estado de espírito
não está, em todos os casos, o mais favorável. Afinal de contas, as pessoas não
podem escolher como querem se sentir, e quando as emoções mais complexas
assumem o controle, a realidade se complica. A heurística do afeto nos lembra
de que o mundo das emoções é mais poderoso do que podemos acreditar em um
primeiro momento. Uma heurística é um atalho mental. É uma estratégia que
utilizamos para resolver um problema pontual de maneira rápida e mais simples
possível. Desse modo, entendemos que as heurísticas afetivas são respostas e
escolhas que fazemos de forma inconsciente, baseando-nos em como nos sentimos
no momento. Essas avaliações baseadas apenas no afeto [não na reflexão] são
rápidas e automáticas. Mas isso significa que qualquer decisão que tomamos com
essas heurísticas está errada? A resposta é não. Sou recrutador em uma empresa.
Tenho que escolher um candidato entre todos que entrevistei no mesmo dia. Vou
escolher aquele que me transmitir mais confiança, independentemente da sua
formação ou experiência, porque em outras ocasiões isso me trouxe bons
resultados. Neste caso apliquei o viés da confiança e posso ter escolhido
errado o candidato á vaga. [...] Slovic et al. (2002), descreve o termo
afeto como a qualidade de bom ou ruim que pode assumir o estado de espírito de
uma pessoa (conscientemente ou não) frente a um determinado estímulo. A
manifestação do afeto ocorreria de forma rápida e automática (exemplo: a
sensação que prontamente experimentamos ao ouvir as palavras “tesouro” ou
“morte”).
A
heurística do afeto nos mostra que esse tipo de atalho mental mede grande parte
das nossas decisões, sejam grandes ou pequenas. Às vezes, não há dúvida,
podemos agir acertadamente ao nos deixarmos levar por esse primeiro impulso,
por essa impressão somática. No entanto, em uma boa parte das vezes, ao agir de
maneira automática e puramente emocional, somos levados por comportamentos
prejudiciais e até negativos para nós mesmos.
Podemos,
por exemplo, desenvolver algum transtorno da alimentação, comportamentos
viciantes ou, simplesmente, tomar uma decisão da qual mais tarde vamos acabar
nos arrependendo por completo. O que é a heurística da ancoragem? A heurística
da ancoragem é um atalho mental utilizado nos momentos de tomada de decisão,
segundo o qual o nosso cérebro se ancora em outras informações e números para
julgar uma determinada situação. Exemplo, viés da ancoragem, onde a ancoragem
descreve a tendência humana comum de confiar demais na primeira informação
recebida (a “âncora”) ao tomar decisões. Eu vou te dar um exemplo. Em uma
negociação, muitas pessoas pensam ter uma vantagem em ser o segundo. Mas na
verdade a vantagem está indo em primeiro lugar. E a razão está em algo sobre o
modo como a mente funciona. A mente tenta fazer sentido de tudo o que colocamos
diante dela. Portanto, essa é uma tendência embutida que temos de tentar fazer
sentido de tudo o que encontramos, isso é um mecanismo de ancoragem.
Heurística
da representatividade é o nome dado a um fenômeno mental no qual, diante da
necessidade de tomar uma decisão de relativa complexidade, o ser humano se
apoia em seu repertório pessoal para julgar uma coisa, pessoa ou situação.
Segundo Slovic et al. (2002), proponente da existência de uma “heurística do
afeto”, essas impressões afetivas, positivas ou negativas, citadas no trabalho
de Damasio (1994), guiariam subsequentes julgamentos e tomadas de decisão. O
indivíduo consultaria (de forma automática) seu “arquivo afetivo” com todas as
“impressões” positivas e negativas, associadas consciente ou inconscientemente
aos objetos/pessoas/eventos em questão.
A
representatividade pode ser ilustrada através do exemplo de Steve, um indivíduo
envergonhado e introvertido, disponível, mas com pouco interesse em pessoas, ou
no mundo real. Trata-se de uma pessoa meiga e meticulosa, que precisa se
organizar e se estruturar, demonstrando paixão por detalhes. Com base nessa
descrição, como é possível estimar com segurança a ocupação profissional de
Steve? Conforme os princípios que norteiam a heurística da representatividade,
a probabilidade de Steve ser, por exemplo, um bibliotecário, dentre diversas
outras ocupações, é avaliada a partir do grau com que ele é representativo ou
similar ao estereótipo de um bibliotecário.
Desta
forma, assim como memorização e similaridade servem de inferência, atalho para
julgamentos de probabilidades (heurísticas da disponibilidade e da
representatividade), Slovic (2002) e seus associados propõem que essas “impressões
afetivas” sirvam como atalho facilitador para importantes julgamentos, nos
permitindo, portanto, classificá-las como uma heurística. Decisões envolvem
pessoas, relações profissionais, aspectos financeiros e sentimentos. Como
averiguar se essas decisões estão sendo corretamente tomadas? A avaliação é
difícil, já que os julgamentos que acompanham as decisões podem ser conduzidos
pelas emoções, por juízos de valor ou por impulsos, sendo afetados por
estímulos externos ou internos que tornam a decisão imperfeita, fugindo às
prerrogativas do homo econômicos, imune a interferências comportamentais ou
afetivas.
O
lócus das decisões e julgamentos tomados no âmbito das Finanças e dos
investimentos financeiros, em particular, não teria espaço para a ausência da
racionalidade. Uma das maneiras que se podem usar atalhos mentais é ao lidar
com uma realidade onde nos faltam dados. Heurísticas, portanto, são mecanismos
cognitivos ou regras mentais aprendidas para facilitar a tomada de uma decisão
normalmente complexa e vieses são padrões de julgamento que se desviam do
natural ou da verdade ou da lei básica da probabilidade. Apesar de alguns
vieses estarem associados especificamente a algumas heurísticas, podem estar
associados a outros fatores, tais como emoções, pressões sociais, motivações
individuais e limitações na habilidade mental de processar informações. Estes
erros são fruto de uma resposta incompleta, que não permite que a decisão
tomada seja ótima e racional. Durante o processo decisório, é mais fácil
identificar a existência de um viés do que identificar a sua causa.
Por
tanto as heurísticas são mecanismos cognitivos adaptativos que reduzem o tempo
e os esforços nos julgamentos, mas que podem levar a erros e vieses de
pensamento.
Referência
Bibliográfica
SLOVIC,
P., FINUNUCANE, M., Peters, E. & Macgregor, D., (2002). The Affect Heuristic, In Thomas Gilovich, Dale Griffin
e Daniel Kahneman, eds., Heuristics and biases: The psychology of intuitive
judgment. New York: Cambridge University Press, p. 397-420.
Comentários
Postar um comentário